sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Crónica: Hindi Zahra - Acima De Tudo, Uma Opinião


Quarta-feira, 9 de Novembro, uma noite de estreias.

Primeira aula com o Rui Miguel Abreu, primeira vez na Sala TMN ao Vivo, e a primeira vez que oiço o nome Hindi Zahra.

O palco está montado, a iluminação à medida, a sala composta, não muito tímida mas descontraída o suficiente para não haver qualquer desconforto, pois todos sabemos o quão incómodo é um empurrão aqui, uma cotovelada ali.

O relógio ronda as 22h00, o cansaço insuportável e o sono ameaçava fazer-me desistir mesmo antes do começo. Todo o concerto é uma memória enevoada, entre o sonho e a realidade, e se a realidade não me falha Zahra faz-se seguir por dois guitarristas, um baixista, um baterista e uma percursionista. A vocalista, Zahra, apresenta-se, as guitarras ressoam e o espectáculo começa.

Na minha cabeça oiço-a por vezes perto, por vezes longe, e não digo isto como metáfora para a minha incompreensão das músicas cantadas em berbere, a sua língua nativa, mas sim pela onda de exaustão que se impunha em mim. Peço ajuda à parede mais próxima e concentro-me novamente. Olho em meu redor e dou conta de que Zahra, com a guitarra em mão também o público ela segurava, a adesão era total, ou tanto quanto a iluminação me permitisse observar.

O concerto vai a meio e o grupo não mostra sinais de desistência, alguns temas são-nos apresentados em versões mais intimistas, acústicas, apenas com Zahra e a ajuda ora de um membro ora de outro. A meio do espectáculo as influências vão-se desvendando - música berbere, jazz, folk, blues - nunca se tornando aborrecida ela pinta-nos uma fusão de ritmos, uns mais misteriosos, soturnos, outros mais coloridos nunca deixando de hipnotizar o público.

O concerto aproxima-se do fim. Neste ponto eu já flutuava, o meu corpo terreno jazia morto e eu deixava-me levar pelas melodias orientais de Zahra.

A última música acaba, mas todos sabemos que a última é sempre mentirosa e após os já esperados gritos e assobios que chamam pelo encore o palco enche-se novamente. Duas músicas mais tarde, Zahra, uma personalidade elegante e carismática canta-nos um simpático obrigado.

Volto a mim, o meu corpo obedece-me, as ideias começam a formar-se e esta opinião começa a nascer.

Hindi Zahra provou-se uma estreia agradável, não o meu género, confesso, com a sua música do mundo, orelhuda no seu próprio molde.

Se ao menos a minha viagem a Marrocos tivesse sido tão mágica como Zahra o leva a crer…

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