domingo, 27 de novembro de 2011

Crítica: Björk - "Medúlla"


One Little Indian, 2004

Um dos nomes mais inventivos e versáteis no mainstream pós-90, ela já foi house e techno, punk e rock alternativo, jazz e electrónica, folk e até música de câmara.

A meio do percurso, Björk deixou que o impulso experimentalista a levasse ainda mais longe: despiu-se de géneros, abdicou de instrumentos e maquinarias e fez da voz a matéria-prima, para criar um dos álbuns mais desafiadores e sublimes da sua carreira. Editado em 2004, Medúlla é mais que um conjunto de canções a cappella; é um exercício fascinante de construções sonoras, feitas a partir do instrumento supremo.

O ponto de partida terá sido o antecessor Vespertine (2001), que marcou a viragem para um estado menos expansivo e dançável, mais introspectivo e orgânico. Medúlla representa o culminar dessa rota, o encontro com a matéria primordial, com 'um espírito antigo, um espírito que sobrevive'. É um álbum sombrio (tenebroso até, em "Where Is The Line") e visceral (surpreendem, os sons guturais e quase animalescos de "Ancestors"), mas também político ("I need a shelter to build an altar away / From all Osamas and Bushes", canta ela em "Mouth's Cradle"), profundamente poético ("Oceania", um dos momentos mais altos) e 'celebratório' (o tom final, em "Triumph of a Heart").

Produzido por Björk e Mark Bell, Medúlla conta com os instrumentos vocais de Mike Patton e Robert Wyatt, o beatboxing de Rahzel, Shlomo e Dokaka, os arranjos corais do The Icelandic Choir e os cânticos guturais 'inuítes' de Tanya Tagaq. Várias camadas que se cruzam e são ancoradas pela voz, em si mesma tão peculiar, de Björk Gudmundsdóttir.

5/5

9 comentários:

  1. Rui, não sei se é a tua primeira crítica, mas gostei.

    Está sóbria, com poucas opiniões (talvez falte um pouco mais de poder opinativo) mas com bons argumentos. Talvez falte-te só explorar esse lado mais opinativo.

    Pelo menos foi o que achei. Mas está óptimo, se é das tuas primeiras críticas.

    Mas também quem sou eu para avaliar uma crítica? Veremos nas aulas o que o pessoal e os professores acharam.

    Não te esqueças das estrelas.

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  2. É mesmo um desafio, conjugar factos e impressões pessoais num texto com o limite de caracteres que nos foi dado. Talvez a opinião tenha ganho pouca expressão neste texto, face aos factos. Vamos ver o que é dito na próxima semana. Uma coisa é certa: fiquei com vontade de fazer mais! :))
    Obrigado pelo comentário, Carlos!

    ps: vou já "estrelar" o álbum! :p

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  3. Claro que é um desafio. Eu estou habituado a fazer críticas (mal ou bem não sei) sem limite de caracteres, e colocarem limite só põe-nos à prova e aos nossos objectivos perante o disco.

    Quanto à tua crítica, como te disse, deu-me a impressão que faltava mais opinião tua, como pediram-nos no modo crítica.

    Mas como te disse, tu sublinhaste, e agora volto a sublinhar, vamos ver o que é dito pelo pessoal. A Lia pelo menos disse que iríamos dar uma olhadela nas crítica :)

    Mas se tiveste vontade de fazer mais isso é bom! É sinal que estás no sítio certo!

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  4. Obrigada a todos pelo esforço que fizeram de colocar aqui no nosso blogue tantas e tão boas críticas, numa noite de Domingo. Amanhã falamos. : )

    Lia

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  5. Rui, atenção que o senhor é Mike e não Mark Patton. [Fanboy mode off]

    De resto, nada a apontar. Muito bom o texto.

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  6. ooouch! boa André, ainda estava com o "Mark" do Bell na cabeça. O senhor dos Faith No More não ia gostar, vou já corrigir ;)
    obrigado!

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  7. Lia, obrigado pelas palavras de motivação!
    Estamos ansiosos pelo feedback :)
    Até logo :)

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  8. O essêncial está à vista Rui!!! A Bjork mais uma vez inovou e a curiosidade de saber como ela o fez, está presente no teu texto!!! Um "like" =)

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