domingo, 27 de novembro de 2011

Crítica: Arctic Monkeys – “Suck It And See”


Domino Records, 2011

Depois da visita de Josh Homme (dos Queens Of The Stone Age) à sala de produção do terceiro dos Arctic Monkeys, Humbug de 2009, o cheiro a cerveja e o pó do deserto teima em não sair da pele do bando. Se no último disco tínhamos uns Arctic Monkeys mergulhados na música de tons mais sombrios, a banda vem agora à superfície sacudir grande parte da sujidade que tinha nas guitarras. No entanto a visita à casa de um dos heróis mais carismáticos do mundo do rock deixou cicatrizes.

No álbum anterior pensávamos ter ouvido as músicas mais ‘pesadas’ da carreira do quarteto de Inglaterra, mas o desafio parece ser apetecível e a banda põe agora a fasquia um pouco mais alta e responde com “Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair” e “Library Pictures” neste novo Suck It And See. Porém, não é só com o pé pesado que vive este trabalho. Sem Josh Homme a ombrear o disco, os Arctic Monkeys voltam às origens (Whatever People Say I Am… e Favourite Worst Nightmare) e trazem de volta o tipo de canções que os primeiros fãs jamais deixarão de fora – aqueles que se desiludiram com Humbug. Contudo, isto não é um retrocesso mas sim a capitalização da matéria dada ao longo de três álbuns que nunca desiludiram necessariamente.
A banda não mostra sinais de desgaste; até o baterista Matthew Helders assume a liderança da voz no primeiro single dado a conhecer “Brick By Brick” – para bem de Turner, as responsabilidades dividem-se. O ainda fantasma Josh Homme aparece ainda num dos temas da ressaca de Humbug, “All My Own Stunts”, mas são músicas como “The Hellcat Spangled Shalalala”, “Suck It And See” ou “She’s Thunderstorms” que reflectem, ao quarto álbum, a identidade demarcada de uma das bandas que marcou o início do novo século. De todas a bandas de indie [rock] que surgiram nos últimos dez anos – comparando-os até com os ‘rivais’ The Strokes ("salvação rock?") – é dos Arctic Monkeys que vem o combustível para a continuição do rock de grandes palcos. Esta é a prova.
4/5

3 comentários:

  1. Carlos, o 1º parágrafo está genial!
    Mesmo não conhecendo o álbum, o texto veicula uma impressão clara, com um bom flow de palavras e ideias.
    Parabéns colega! :))

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  2. Carlos concordo com a tua crítica!!! Já me tinhas partilhado algumas das ideias presentes no teu texto, sobre as quais eu estou completamente de acordo!!! Em particular destaco o "atrevimento" na tua comparação entre os "Monkeys" e os "Reis do Indie", The Strokes... É algo que aprecio ler numa crítica e realmente Strokes salvação do rock?!?! WTF... =)

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