terça-feira, 29 de novembro de 2011

Crítica: Curren$y - "Verde Terrace"

Warner Bros./Jet Life Recordings, 2011
Daqui a alguns anos a comunidade de Hip-Hop vai olhar para trás e perguntar-se quando é que Curren$y tornou-se uns dos melhores rappers do mundo, e como é que ninguém acompanhou esse desenvolvimento.Desde do lançamento de Pilot Talk em 2010, o álbum que carimbou o seu reconhecimento como um dos mais respeitados "low profile" rappers nos estados unidos, Curren$y tem lançado uma grande quantidade de mixtapes de grande qualidade e conta também já com três álbuns desde essa data.
Embora a critica por vezes ligue Curren$y a cultura dos Mc's que só rimam sobre erva, como o nosso conhecido Wiz Khaliffa, Curren$y diferencia-se desse estereótipo, com menos exposição e com mais imaginação e consistência no seu trabalho.
Mas o facto de conseguir produzir tanta quantidade de boa musica em tão pouco tempo e mesmo assim permanecer com a atitude de "isto para mim não é nada de novo" é o mais impressionante.Este ano Curren$y lançou a mixtape Verde Terrace produzida pelo Dj Drama e lançada a través da sua própria produtora musical Jet Life em pareceria com a Warner Bros.,isto após ter abandonado a Cash Money/Young Money recordings em 2007, facto que se nota claramente a través da diferente musicalidade das suas produções a partir dai, longe de ser das melhores mixtapes que já ouvi dele, assim como muitas das mixtapes que tem com o Dj Drama, "The Hot Spitta" como é conhecido, mantém-se liricalmente muito forte.
Por outro lado a escolha de beats acaba por ser um pouco repetitiva ou óbvia, e agora com a moda de ir ao baú tentar encontrar o melhor clássico para produzir o melhor mix, curren$y agarra em "Ten Crack Commandments" do Notorious B.i.G e produz o mix "Crack BC", de tantos clássicos que Biggie lançou na vida a escolha nao poderia ser mais infeliz.
Mas beats a parte,o poder lírico do Mc de New Orleans misturado com o flow descontraído a deslizar por entre cada faixa, faz com que as historias que conta ganhem vida tornando-se difícil não prestar atenção a cada letra.Quem ouvir Verde Terrace facilmente poderá reconhecer que trata-se de alguém que consome erva com alguma regularidade...mas ao contrario do batido "weed rapper" e do "weed talk", Curren$y eleva essa conversa para outro nível com metáforas e duplos sentidos, que como o próprio diz manter-se: "lifted like sanctions", conseguindo fazer uma abordagem não tão óbvia e banal como a maior parte dos rappers da actualidade.
Pela postura simples que mostra no "rap game" e pela honestidade que empoe nas musicas, muitos duvidam do seu sucesso, por isso ele friza: "Nonchalant, but i'm very aware of what's going on", em "Pinifarina" a terceira faixa do álbum.
Verde Terrace mostra mais uma vez que o skill de curren$y consegue sobrepor-se a qualquer produtor inovando e criando nova e melhor musica,mas nunca saindo do seu próprio território,
Jet Life.
3/5

Película: "Kurt Cobain - About a Son" (2006)

Na explosão da música grunge em 1991, à manifestação de um movimento social por toda a parte. O filme/documentário do realizador AJ Schnack, sobre a verdadeira história de Kurt Cobain.
Baseado nas entrevistas áudio realizadas pelo jornalista Michael Azerrad entre Dezembro de 1992 e Março de 1993. Da infância e adolescência conturbadas em Aberdeen, às descobertas musicais de Olympia, até à fama e ao declínio em Seattle.
About A Son é a história detalhada e emotiva contada na primeira pessoa, sobre a vida e obra da voz de uma geração.
"Não penso que serei tão aberto sobre a minha vida pessoal em outra entrevista no futuro". K.C "Sempre pensei que a minha geração é a última geração inocente"; "Não penso que a minha história seja triste, nova ou emotiva. Eu sou o produto de uma América mimada." K.C

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Crítica: Gil Scott-Heron - "I'm New Here"

XL Recordings, 2010
Depois de 13 anos à espera de lançar um novo trabalho este não é o regresso que muitos fãs esperavam. Depois de alguns problemas com drogas e a justiça, este veterano do blues renasce do vinil atravás de Richard Russel, da XL Recordings com um álbum virado para o futuro, navegando entre o trip-hop, dubstep, folk e blues.
Um álbum intimista, confessional e auto-crítico que retrata um homem simples e solidário que nunca esquece as suas raízes. Ao contrário dos seus últimos discos em que encontrávamos mensagens de cariz político e activista, "I'm New Here" foca-se em si próprio. "Me And The Devil" e "I'm New Here são versões consagradas de blues e folk com uma nova roupagem e interpretação próprias do "Bob Dylan negro".
Trata-se de um músico excepcional, com o dom eterno da palavra, que nos transmite neste disco toda a sua força e coragem, como homem e lenda da música, que deixa um legado e um último suspiro de criatividade.
Um álbum recomendado, ao qual fã ou não fã de Gil Scott, não se pode ficar indiferente.
4/5

Notícia: Feist Em Portugal

Os Coliseu de Lisboa e Porto recebem nos dias 18 e 19 de Março a canadiana Leslie Feist.
Após o lançamento de The Reminder (2007) que lhe valeu quatro nomeações para os Grammys, Feist regressa a Portugal para a apresentação do seu último álbum Metals, muito aclamado pela crítica, Metals arrecada já o primeiro lugar no top de álbuns de rock nos Estados Unidos.
"Feist regressa com um disco cru... a compositora canadiana teceu um deslumbrante disco novo" in Rolling Stone.
Os bilhetes vão estar à venda dia 11 de Novembro, nos locais habituais a partir de 27 euros.
Aqui fica o primeiro single de Metals, "How Come You Never Go There".

How Come You Never Go There by Feist

Notícia: Hot Clube De Portugal Reabre Em Dezembro


O mítico clube de Jazz reabre com três dias de concertos gratuitos


O Hot Clube de Portugal (HCP) reabrirá as suas portas a 21 de Dezembro, com espaço renovado na Praça da Alegria, dois anos depois de ter sido destruído por um incêndio. O novo Hot Clube ficará instalado num edifício vizinho, nos números 47 a 49, informa a agência Lusa.

Segundo a presidente do conselho director, Inês Cunha, a reabertura será assinalada com três dias de concertos, a decorrer entre 21 e 23 de Dezembro, todos de entrada gratuita.

Estão previstas actuações "só com formações do Hot Clube" - entre as quais a histórica formação do Quarteto do Hot Clube e a Big Band do HCP - assim como jam sessions com alunos da escola do clube.

O Hot Clube de Portugal foi fundado em 1948 e é o mais antigo clube de jazz em Portugal. Casa mítica da noite lisboeta, funcionava na cave do número 39, na Praça da Alegria. A 22 de Dezembro de 2009 foi destruído por um incêndio, que danificou parte do espólio e obrigou ao cancelamento de toda a programação.

Dois anos depois, volta a trazer os sons vivos do jazz à cidade.

Aparelhagem: André Beda

Crítica: Opeth - "Heritage"

Roadrunner, 2011
Para quem ainda não tinha percebido, em Heritage os Opeth gritam a alto e bom som "esqueçam tudo o que fizemos para trás". Este disco marca uma nova etapa na carreira da banda que até 2003 era considerada uma seguidora dos devaneios progressivos dos Death de Chuck Schuldiner. Nesse ano chega Damnation, a obra que permite aos Opeth começar a traçar o seu próprio caminho e a deixar o seu próprio legado.
Se até aqui continuávamos a ter vocalizações guturais misturadas com ambientes progressivos a fazer lembrar os Pink Floyd, em Heritage retirou-se peso à voz e adicionou-se ainda mais nos instrumentos. Não que o som da banda tenha ficado mais pesado. A componente instrumental é que ganhou uma importância ainda maior na música dos Opeth. As influências referidas pela banda incluem Alice Cooper, Magma e Ronnie James Dio (a quem o tema "Slither" é dedicado), para além da música tradicional sueca. Mas Heritage também sabe a Frank Zappa, Deep Purple (benditos teclados e mellotrons) e Pink Floyd. É como que se os Opeth fossem uma banda de rock psicadélico dos anos 70 que chegou aos dias de hoje através duma máquina do tempo.
Restringir a obra dos Opeth dentro de um género musical tornou-se impossível. A banda já fez questão, em outras ocasiões, de fugir aos rótulos que lhes foram colocados e voltará a fazê-lo sempre que necessário. Temas como "The Devil's Orchard", "Slither", "Nepenthe", "Famine" e "Folklore" fazem-nos crer que se hoje em dia ainda se fazem álbuns influentes e marcantes, Heritage é, necessariamente, um dos casos.
5/5

Aparelhagem: Hugo Tomé

Crítica: Motorama - "Alps"


Independente, 2010

Uma agradável surpresa do lugar mais improvável do nosso imaginário.
Para os que volta e meia não sobrevivem sem respirar o oxigénio pós-punk e new wave dos finais de 70, inícios de 80, guardando religiosamente no interior do guarda roupa o poster de Ian Curtis. A 'New Order' do momento é apresentada pelo quinteto russo Motorama, com o seu primeiro disco de longa duração Alps.
Do começo algo tímido de “Northern Seaside”, bem que podemos fechar os olhos como primeiro exercício e na voz forte de Vladislav Parshin, imaginar logo o jovem Ian a cantar na actualidade sobre algum “Fake Empire” dos National. Isto claro está, se no presente exercício, o próprio Matt Berninger também se distanciasse assim tanto de tal imaginação. Um verdadeiro "hello little friend" para os nossos ouvidos, bem ao jeito de como a banda quebra o "gelo russo" na mensagem de apresentação da sua página oficial.
Apresentações passadas, pequenas amizades feitas, para se ligarem os sintetizadores e os teclados de "Warm Eyelids", ou o baixo que não toca assim tão 'baixo' de "Compass". A caminhada rítmica rumo a um trajecto linear pela restante composição do álbum. A guitarra respeita a melodia, não 'chateia' em tempo algum e a bateria que vai acompanhando o baixo destacado, ou o tom de voz que enche a sala, lá nos faz bater o pé aqui e ali. Formam o conjunto perfeito, para o que tanto podia ser um 'beat' de música electrónica em "Letter Home", ou apenas uma sessão de relaxamento respirando o ar gélido da travessia de "Ship".
O som ganha mais expressão, quando ouvimos falar no amor que 'separar-nos-á' em "Ghost", ou que todos nós caímos de joelhos em "Alps", sobre as referências à natureza de "Wind In Her Hair", uma constante em todo o álbum.
Alps é gelado de uma forma suave. É aquele disco que toca do início ao fim decorado por pormenores. É uma visão actual cheia de boas influências do que já se viu 'lá atrás', com um toque mais pop sempre que é necessário descomprimir da herança crua dos Joy Division, ou não se pretende ser tão sóbrio como os Interpol. É uma visão limpa e natural sobre a agradável surpresa do lugar mais improvável do nosso imaginário.
4/5

domingo, 27 de novembro de 2011

Aparelhagem: Rui Clemente

Crítica: Björk - "Medúlla"


One Little Indian, 2004

Um dos nomes mais inventivos e versáteis no mainstream pós-90, ela já foi house e techno, punk e rock alternativo, jazz e electrónica, folk e até música de câmara.

A meio do percurso, Björk deixou que o impulso experimentalista a levasse ainda mais longe: despiu-se de géneros, abdicou de instrumentos e maquinarias e fez da voz a matéria-prima, para criar um dos álbuns mais desafiadores e sublimes da sua carreira. Editado em 2004, Medúlla é mais que um conjunto de canções a cappella; é um exercício fascinante de construções sonoras, feitas a partir do instrumento supremo.

O ponto de partida terá sido o antecessor Vespertine (2001), que marcou a viragem para um estado menos expansivo e dançável, mais introspectivo e orgânico. Medúlla representa o culminar dessa rota, o encontro com a matéria primordial, com 'um espírito antigo, um espírito que sobrevive'. É um álbum sombrio (tenebroso até, em "Where Is The Line") e visceral (surpreendem, os sons guturais e quase animalescos de "Ancestors"), mas também político ("I need a shelter to build an altar away / From all Osamas and Bushes", canta ela em "Mouth's Cradle"), profundamente poético ("Oceania", um dos momentos mais altos) e 'celebratório' (o tom final, em "Triumph of a Heart").

Produzido por Björk e Mark Bell, Medúlla conta com os instrumentos vocais de Mike Patton e Robert Wyatt, o beatboxing de Rahzel, Shlomo e Dokaka, os arranjos corais do The Icelandic Choir e os cânticos guturais 'inuítes' de Tanya Tagaq. Várias camadas que se cruzam e são ancoradas pela voz, em si mesma tão peculiar, de Björk Gudmundsdóttir.

5/5

Película: "Hype!", A Revolução Grunge

Lançado em 1996 e com direcção de Doug Pray, este documentário demonstra de uma forma muito crua o que o grunge foi nos E.U.A. e no mundo. Desde os primórdios, passando pela sua popularidade mundial, até ao que muitos admitem ser o fim do grunge, Hype! é o documento essencial para se compreender um dos últimos grandes fenómenos do mundo da música, com nomes como: Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Alice In Chains, Mudhoney, Screaming Trees, mas também Blood Circus, Love Battery, The Melvins, 7 Year Bitch, The Young Fresh Fellows, entre outros.
Entrevistas a alguns dos mais importantes intervenientes deste movimento norte-americano e ainda actuações inéditas de nomes que marcaram a cena em Seattle dos anos 90 e de alguns nomes que marcaram o mundo (destaque para a primeira actuação do hino de uma geração, "Smells Like Teen Spirit" dos Nirvana).

Crítica: Arctic Monkeys – “Suck It And See”


Domino Records, 2011

Depois da visita de Josh Homme (dos Queens Of The Stone Age) à sala de produção do terceiro dos Arctic Monkeys, Humbug de 2009, o cheiro a cerveja e o pó do deserto teima em não sair da pele do bando. Se no último disco tínhamos uns Arctic Monkeys mergulhados na música de tons mais sombrios, a banda vem agora à superfície sacudir grande parte da sujidade que tinha nas guitarras. No entanto a visita à casa de um dos heróis mais carismáticos do mundo do rock deixou cicatrizes.

No álbum anterior pensávamos ter ouvido as músicas mais ‘pesadas’ da carreira do quarteto de Inglaterra, mas o desafio parece ser apetecível e a banda põe agora a fasquia um pouco mais alta e responde com “Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair” e “Library Pictures” neste novo Suck It And See. Porém, não é só com o pé pesado que vive este trabalho. Sem Josh Homme a ombrear o disco, os Arctic Monkeys voltam às origens (Whatever People Say I Am… e Favourite Worst Nightmare) e trazem de volta o tipo de canções que os primeiros fãs jamais deixarão de fora – aqueles que se desiludiram com Humbug. Contudo, isto não é um retrocesso mas sim a capitalização da matéria dada ao longo de três álbuns que nunca desiludiram necessariamente.
A banda não mostra sinais de desgaste; até o baterista Matthew Helders assume a liderança da voz no primeiro single dado a conhecer “Brick By Brick” – para bem de Turner, as responsabilidades dividem-se. O ainda fantasma Josh Homme aparece ainda num dos temas da ressaca de Humbug, “All My Own Stunts”, mas são músicas como “The Hellcat Spangled Shalalala”, “Suck It And See” ou “She’s Thunderstorms” que reflectem, ao quarto álbum, a identidade demarcada de uma das bandas que marcou o início do novo século. De todas a bandas de indie [rock] que surgiram nos últimos dez anos – comparando-os até com os ‘rivais’ The Strokes ("salvação rock?") – é dos Arctic Monkeys que vem o combustível para a continuição do rock de grandes palcos. Esta é a prova.
4/5

Crítica: J. Cole - "Cole World: The Sideline Story"

Columbia Records, 2011
Foi este ano, a 27 de Setembro que a Roc Nation (produtora criada por Jay-Z) lançou então o esperado álbum Cole World: The Sideline Story. Não gosta de ser comparado a Drake porque diz que não têm o mesmo objectivo quanto à mensagem que querem passar com as suas canções, o facto é que neste álbum de J.Cole há uma colaboração de Drake na faixa ‘In The Morning’, que por curiosidade também saiu no álbum de Drake. Este álbum é uma novidade porque é o primeiro de J.Cole e conta com participações de Missy Elliot em "Nobody’s Perfect", de Jay-Z em "Mr Nice Watch" e de Trey Songz em "Can't Get Enough", sendo que quinze das dezoito faixas foram produzidas e escritas pelo próprio J.Cole, o que o leva em muitas faixas a uma marca mais pessoal, como em "Breakdown", "Dollar And A Dream III" e "Lost Ones". "Work Out" foi o primeiro single a ser lançado, deixando apenas a expressão ‘ganda som’, mas para o estatuto que J.Cole quer, deveríamos dizer ‘isto vai ser um clássico’, de certeza que isso não vai acontecer em nenhuma das suas faixas do álbum, mas vamos dar-lhe o benefício da dúvida, afinal de contas, foi o grande ­­Jay-Z que o fez crescer, o que fez aumentar o número de controvérsias, pois há quem diga que foi esse facto que lhe deu o grande protagonismo para a sua grande revelação.

Mesmo não trazendo nenhuma novidade em termos de estrutura e quando algumas das faixas já são conhecidas das suas mixtapes, algumas já repetidas em algumas mixtapes produzidas desde 2007 (não estaremos cansados?) vendeu mais de 200 mil em sete dias, mesmo depois de se ter ‘espalhado’ na Internet, devido à fuga de uma loja de discos algures nos E.U.A.

Perguntamos porquê que "Who Dat" não foi incluído no álbum, afinal de contas é dos seus maiores êxitos.
Para quem estava à espera de um álbum bombástico, repleto de faixas novas e novas histórias, não o poderá dizer que assim é. Mas qualidade não lhe falta, não fosse a sua estadia permanente em alguns tops americanos desde o lançamento, de certo J.Cole veio para ficar.

4/5

Aparelhagem: Carlos Montês

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Notícia: ElecTronIC_Sessions

Will Pit-a-Pat e Souza são os nomes, ElecTronIC_Sessions o projecto.

Guilherme Sanchez, ou Will Pit-a-Pat quando entra na cabine, tem como lema "Tudo é possível! Nada é impossivél!" Ambicioso? Sim, mas a ambição pode levar-nos por muitos caminhos, e neste caso Guilherme parece estar a percorrer os melhores, Music Box, Fiéis ao Bar do Rio, Twin's Lx, entre outros clubes e bares são as casas que ele frequenta. Os seus Live set's também habitam a Rádio Oxigénio. Estilo de música? As mais variantes do House.



Filipe Souza, ou apenas Souza vem dos Açores já com um reportório alargado, com tempo de antena na TOP FM, tendo já passado por espaços como o Fairplay, Jiggy Beach, Eclipse, entre outros, participado em eventos organizados pela Azores Events e a Dream Zone, partilhado cabines com nomes como Saeed, Pete tha Zouk, enfim, uma descrição recheada. Souza toca desde comercial a electro, viajando também por progressive até drum & bass e dubstep.



Ambos alunos da ETIC, partilham a responsabilidade do projecto ElecTronIC_Sessions, com o objectivo de "unir pessoas com valências diferentes e aplicarmos o conceito criado por elas no mercado de trabalho, valorizando e publicitando a ETIC e oferecendo experiências profissionais que podem servir de ponte entre a escola e o mercado de trabalho." Uma premissa interessante para todos os alunos da ETIC, com cujo apoio estes dois DJs esperam contar.

Ao virar da esquina está 15/12/11, a próxima sessão de Will Pit-a-Pat e Souza, no Bar do Cais.

Em breve, uma entrevista e mais detalhes quanto às ElecTronIC_Sessions.

Notícia: Concertos Completos Do SWU

Mais que uma notícia, este artigo pretende ser uma partilha de alguns concertos que descobri recentemente no You Tube (não faço ideia se a partilha destes é legal ou não, mas o que interessa é mesmo a oportunidade de os ver).
Se, como eu, esperam ansiosamente pelo dia em que os Down voltam a Portugal, eis aqui uma amostra do poderio e forma do colectivo de Phil Anselmo e companhia que neste concerto apresentou o álbum NOLA (1995) quase na totalidade. No final há ainda o habitual bónus com os Loaded de Duff McKagan a concluírem "Bury Me In Smoke":



Já os Alice In Chains apresentaram um alinhamento bem mais extenso do que no concerto no Optimus Alive 2010, que, se bem se lembram, pecou por curto. Houve ainda espaço para a homenagem da banda aos membros já desaparecidos Layne Staley e Mike Starr:



Este, diz-se que pode ser o último concerto dos Sonic Youth. A ver vamos...



No mesmo site, estão disponíveis outros concertos do evento brasileiro, tais como Faith No More, Megadeth, Stone Temple Pilots e Primus, entre outros. Com este artigo apresento também, de uma rajada, três banda pelas quais sou maluquinho - caso isto interesse a alguém...

Aparelhagem: Hugo Tomé

  • We Were Promised Jetpacks - "Act On Impulse" (In The Pit Of The Stomach) 2011;
  • Radiohead - "Idioteque" (Kid A) 2000;
  • Joy Division - "Disorder" (Unknown Pleasures) 1979;
  • New Order - "Ceremony" (Movement: Collector's Edition Bonus Disc) 2008;
  • Motorama - "Ghost" (Alps) 2010;

Aparelhagem: Carlos Montês

domingo, 20 de novembro de 2011

Notícia: Feist Em Lisboa, Porto


Feist vem festejar a Portugal o seu mais recente Metals, sucessor de The Reminder (2007).

A cantora canadiana está de volta a 18 e 19 de março, no Coliseu de Lisboa e no Coliseu do Porto respectivamente.

Os bilhetes estão à venda desde o dia 11 de novembro.

Para quem prefere ficar em pé, o preço será de €27 em ambos os locais, os mais comodistas poderam escolher até aos €32.

As portas abrem às 20h00, e o espectáculo terá início às 21h00 tanto em Lisboa, como no Porto.

Aqui ficam dois singles, o já conhecido "1234" e o ainda por apresentar em Portugal "How Come You Never Go There".

http://youtu.be/ABYnqp-bxvg

http://youtu.be/I2uVRMBD5RY

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Crónica: Hindi Zahra - Acima De Tudo, Uma Opinião


Quarta-feira, 9 de Novembro, uma noite de estreias.

Primeira aula com o Rui Miguel Abreu, primeira vez na Sala TMN ao Vivo, e a primeira vez que oiço o nome Hindi Zahra.

O palco está montado, a iluminação à medida, a sala composta, não muito tímida mas descontraída o suficiente para não haver qualquer desconforto, pois todos sabemos o quão incómodo é um empurrão aqui, uma cotovelada ali.

O relógio ronda as 22h00, o cansaço insuportável e o sono ameaçava fazer-me desistir mesmo antes do começo. Todo o concerto é uma memória enevoada, entre o sonho e a realidade, e se a realidade não me falha Zahra faz-se seguir por dois guitarristas, um baixista, um baterista e uma percursionista. A vocalista, Zahra, apresenta-se, as guitarras ressoam e o espectáculo começa.

Na minha cabeça oiço-a por vezes perto, por vezes longe, e não digo isto como metáfora para a minha incompreensão das músicas cantadas em berbere, a sua língua nativa, mas sim pela onda de exaustão que se impunha em mim. Peço ajuda à parede mais próxima e concentro-me novamente. Olho em meu redor e dou conta de que Zahra, com a guitarra em mão também o público ela segurava, a adesão era total, ou tanto quanto a iluminação me permitisse observar.

O concerto vai a meio e o grupo não mostra sinais de desistência, alguns temas são-nos apresentados em versões mais intimistas, acústicas, apenas com Zahra e a ajuda ora de um membro ora de outro. A meio do espectáculo as influências vão-se desvendando - música berbere, jazz, folk, blues - nunca se tornando aborrecida ela pinta-nos uma fusão de ritmos, uns mais misteriosos, soturnos, outros mais coloridos nunca deixando de hipnotizar o público.

O concerto aproxima-se do fim. Neste ponto eu já flutuava, o meu corpo terreno jazia morto e eu deixava-me levar pelas melodias orientais de Zahra.

A última música acaba, mas todos sabemos que a última é sempre mentirosa e após os já esperados gritos e assobios que chamam pelo encore o palco enche-se novamente. Duas músicas mais tarde, Zahra, uma personalidade elegante e carismática canta-nos um simpático obrigado.

Volto a mim, o meu corpo obedece-me, as ideias começam a formar-se e esta opinião começa a nascer.

Hindi Zahra provou-se uma estreia agradável, não o meu género, confesso, com a sua música do mundo, orelhuda no seu próprio molde.

Se ao menos a minha viagem a Marrocos tivesse sido tão mágica como Zahra o leva a crer…

Notícia: Feist Ao Vivo Em Portugal


Portugal recebe novamente a visita de Feist, para dois concertos a acontecer em 2012, nos Coliseus de Lisboa (18 de Março) e do Porto (19 de Março).

Depois de uma primeira visita em 2008, a cantora e compositora canadiana regressa ao nosso país por ocasião da Metals Tour, digressão iniciada em Outubro deste ano e que apresenta o seu novo álbum, Metals.

Os bilhetes já estão à venda e os preços variam entre €27 e €32, para ambas as salas.

A antecipar este acontecimento, veja a actuação de Feist no programa Later with Jools Holland, apresentando "How Come You Never Go There", primeiro single de Metals.

Notícia: Entre'Tapas: Degustação Musical na ETIC

Evento acontece nos dias 22, 23 e 25 de Novembro. Fiquem a par de tudo o que vai acontecer aqui.

O bar da ETIC recebe nos dias 22, 23 e 25 de Novembro a iniciativa Entre'Tapas, que visa aliar à música ao vivo e ao teatro, uma série de petiscos tradicionais, como queijos e enchidos, regados com vinho. O programa de actuações é o seguinte:
22 de Novembro:
  • Peça Momentos Dramático Mas Pouco (teatro);
  • Miguel Raposo (música);
23 de Novembro:
  • Pas De Problème (música);
25 de Novembro:
  • Black Leather (música);
A entrada para este evento que se realiza na Rua D. Luís I, n.º 20 D - Lisboa, é gratuita em todos os dias. O serão começa pelas 22h30 e termina à meia-noite.
Ligações úteis:

Notícia: Feist Ao Vivo Em Portugal

Canadiana regressa a Portugal no próximo ano para concertos em Lisboa e no Porto.

Leslie Feist apresenta o seu mais recente álbum de originais, Metals, no dia 18 de Março no Coliseu de Lisboa e no dia seguinte no Coliseu do Porto. O preço dos bilhetes, já à venda nos locais habituais, para a plateia em pé está fixado nos €27 para os dois espectáculos que têm início marcado para as 21h00.
De Metals, lançado no passado dia 4 de Outubro, já foi extraído o single "How Come You Never Go There", com vídeo para ver em baixo.


Ligações úteis:

Notícia: Música, Teatro E Degustação Na ETIC, Em Novembro


Em Novembro, o bar da ETIC abre as portas ao público e propõe três serões de degustação musical, teatral e gastronómica.

O evento Entre'Tapas, a decorrer nos dias 22, 23 e 25, servirá uma sessão de teatro (Momentos Dramáticos Mas Pouco) e a música de Miguel Raposo, Pas de Problème e Black Leather, acompanhados com aperitivos, tostas de frango e salmão, vinho e tábuas de queijos e enchidos.

Tudo isto, entre as 22h30 e as 24h00, na Rua D. Luís I, nº 20 D, em Lisboa. A entrada é livre.

Programa:
22/11: Momentos Dramáticos Mas Pouco (Teatro) + Miguel Raposo (Música)
23/11: Pas de Probleme (Música)
25/11: Black Leather (Música)

Notícia: EMI Lança Caixa Com Obra Integral Dos Heróis Do Mar


É já na próxima 2ª feira (21 de Novembro) que chega às lojas uma caixa com a obra integral dos Heróis do Mar, um lançamento que assinala o 30º aniversário da estreia da banda no palco do Rock Rendez-Vous.

Com o selo da EMI Portugal, Heróis do Mar: 1981/1989 reúne cinco CDs (os quatro álbuns de originais e um quinto com todos os singles e maxi-singles) e um DVD com videoclips e diversas actuações nos estúdios da RTP. A caixa inclui também um livro com fotografias inéditas e um texto da autoria de Jorge Pereirinha Pires, co-autor do documentário Brava Dança (2007), que traça a história da banda.

Até à data, grande parte dos álbuns dos Heróis do Mar encontravam-se indisponíveis no mercado. O público tem, finalmente, a oportunidade de revisitar a obra integral daquela que é hoje reconhecida como uma das bandas pop portugesas mais importantes de sempre.

CD 1
Heróis do Mar (LP, Polygram, 1981)

CD 2
Mãe (LP, Polygram, 1983)

CD 3
Macau (LP, EMI, 1986)

CD 4
Heróis do Mar IV (LP, EMI, 1988)

CD 5
Singles 1982 - 1987

DVD
Vídeos 1981 / 1989
1. "Saudade" (Actuação no programa “Eleições 82”)
2. "Brava Dança dos Heróis" (Actuação no programa “Passeio dos Alegres”)
3. "Amor" (Videoclip)
4. "Cachopa" (Videoclip)
5. "Paixão" (Videoclip)
6. "Só Gosto de Ti" (Actuação no programa de fim de ano 84/85)
7. "Supersticioso" (Videoclip)
8. "Alegria" (Actuação no programa “Presidenciais 1986“)
9. "A Glória do Mundo" (Actuação no programa “Presidenciais 1986“)
10. "Fado" (Actuação no programa “Vivámusica”)
11. "O Inventor" (Videoclip)
12. "Eu Quero" (Actuação no programa “Vivámusica”)
13. "Café" (Actuação no programa “Haja Música”)
14. Galeria de imagens

LIVRO com fotografias inéditas e texto de Jorge Pereirinha Pires.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Notícia: Entre'Tapas: Música E Teatro Na ETIC


Decorre nos próximos dias 22, 23 e 25 de Novembro o Entre'Tapas, um evento que acontece no bar de ETIC e que acolhe várias actuações musicais e um teatro.
O alinhamento deste evento é seguinte:
22 de Novembro:
  • Teatro com a peça Momentos Dramáticos Mas Pouco;
  • Música com Miguel Raposo;

23 de Novembro:

  • Música com a banda experimental Pás De Problème (sítio);

25 de Novembro:

  • Música com a banda de rock alternativo Black Leather (sítio);

A entrada para o Entre'Tapas é gratuita.

Notícia: Feist De Regresso A Portugal


A canadiana Leslie Feist regressa a Portugal para uma apresentação dupla do seu último álbum, Metals.

Os dois concertos estão agendados para os dias 18 de Março no Coliseu de Lisboa e 19 de Março no Coliseu do Porto.

O preço dos bilhetes ronda os €27 para a plateia em pé, e os €30 a €32 para camarotes e tribunas. Encontram-se disponíveis, já a partir de Sexta-Feira, Dia 11 de Novembro, pelas 10h00 nos locais habituais. A abertura de portas está marcada para as 20h00 e o início do espectáculo para as 21h00.

Após a conquista do reconhecimento internacional com Let It Die (2004) e as 4 nomeações para os Grammys com Reminder (2007). É sobre vários elogios da crítica que a cantora canadiana, passa novamente por Portugal.

Mais informações disponíveis nas páginas oficiais...

http://www.listentofeist.com/
http://www.myspace.com/feist
http://www.facebook.com/feist
http://twitter.com/feistmusic

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Notícia: Feist Em Portugal


Canadiana actua em Lisboa e no Porto em Março do próximo ano
Feist actua em Portugal nos dias 18 e 19 de Março de 2012, nos Coliseus de Lisboa e do Porto respectivamente. Com portas abertas às 20 horas e início do concerto às 21 horas, em ambas as salas, os bilhetes já se encontram à venda, nos locais habituais, entre os €27 e os €32.
Recorde-se que a canadiana Feist editou no passado mês de Outubro o seu quinto álbum, Metals, do qual já é conhecido o primeiro single, "How Come You Never Go There", para ouvir (e ver) em baixo.

Crónica: Capitães da Areia – Palco TMN ao Vivo

Sobre pleno Outono, uma certa ventania e uns quantos casacos, Os Capitães da Areia subiram ao Palco TMN ao Vivo em Lisboa no passado dia 11 de Outubro, para trazerem o verão de volta com o seu álbum de estreia, O Verão Eterno D'Os Capitães Da Areia.

Com uma Sala TMN composta e algo quente à sua espera, as primeiras vozes da reacção manifestam-se quando as luzes diminuem de intensidade e dão entrada em palco “Os Capitães dos Instrumentos”, entoando os seus primeiros acordes e ritmos de verão.

Quase que numa toada de warm up, uma ou outra cabeça já se movimenta na expectativa da entrada de destaque, reservada ao “Capitão da Voz”. Este não desilude e sobe ao palco poucos minutos depois, caracterizado pelo seu mundo de verão imaginário, “protegido do sol” por um chapéu curioso e pronto a cantarolar os requisitos essenciais para o livre acesso ao eterno verão dos Capitães.

O palco fica assim completo e o desfile de canções do trabalho de estreia da banda, apresentam uma mistura interessante entre um rock balanceado, ao estilo Indie dos tempos que correm e a tradicional Música Popular Portuguesa. De guitarras, a congas, passando por duas vozes femininas no coro… A boa disposição e o entretenimento fizeram parte da rota de navegação desta actuação, levando o público a uma agradável viagem, com destino final à “estância balnear” onde habitam mais uns filhos e netos dos Heróis do Mar… Imagem tão presente no rótulo da Amor Fúria.

Apesar de alguma sensação de monotonia sonora, apesar de algumas dificuldades de percepção das palavras exactas do “Capitão Pedro” em determinados momentos, todas estas sensações foram rapidamente esquecidas pelo dinamismo da banda em palco, pelo ritmo imposto durante toda a actuação e o completo à vontade do “líder da tripulação”, que transportou um ou outro mais exuberante do início, para mais de meia sala a dançar, finalizando sobre “o golpe” de um desfile pelo público entusiasmado, aos ombros do "patrão" Manuel Fúria.

Nota positiva para mais um nome com entrada directa no leque de bandas como, Os Golpes, Diabo na Cruz, Pontos Negros, entre outros… Atenções voltadas para a evolução deste movimento Indie Português, com forte aposta na preservação do sentimento patriótico, cultura e tradições, assente na possibilidade de estarmos a assistir a um novo “boom” do Rock Nacional.

Crónica: Hindi Zahra Apresenta Handmade Em Lisboa



Hindi Zahra, talvez não vos diga nada, como a mim também não, até inesperadamente ter assistido ao seu concerto na mais recente sala de espectáculos da capital, Sala TMN Ao Vivo a 10 De Novembro.

A marroquina, veio pela segunda vez a Portugal (a 1ª no Festival Sintra Misty), para dar-nos a conhecer em concerto com nome próprio o seu 1º CD Handmade (2010).

Entrando em palco com uma música serena e fazendo-se acompanhar por uma viola, sentiram-se as boas vibes que nos queria transmitir! Entra o resto da banda e conquista-nos cantando "Beautiful Tango", uma melodia que flui inocentemente e aumenta a emoção conforme se vai ouvindo. Não apenas numa doce voz, deu-nos a conhecer os seus dotes de guitarra, num momento em que pousou a viola e trocou o instrumento.

Foram óbvias as influencias soul, jazz, funk, indie pop, chamam-lhe o que quiserem, parece uma artista que "bebeu de várias fontes, do mundo inteiro" e juntou várias melodias, fazendo, a sua melodia, que nos transmite numa doce e sensual voz! A mesma que diz ter sido influenciada por artistas como Ali Farka Touré, Aretha Franklin ou 2Pac Shakur, canta em francês ou inglês ou berbere, nunca esquecendo as suas raízes, algo que se fez sentir em diversas canções.

"Hindi Zahra tem um gentil, original e ondulante sentido de melodia. Com um subtil e suave acompanhamento de guitarra, um traço de guitarras ciganas entre acordes e uma insinuação de blues. O tempo pára. Intenso, íntimo, com vibrações poéticas e timbre felino aveludado", escreve a promotora Uguru, que a representa em Portugal.

Radicada em França, a artista vencedora do prémio Constantin e um Victorie De La Musique, tem até ao final do mês vários concertos agendados, sempre em nome próprio, em diversos países. Sem duvida que Hindi Zahra é uma artista que tem tudo para conquistar a música e o mundo com as suas melodias cheias de boas vibrações.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Crónica: Uma Surpresa Chamada Hindi Zahra

São coisas assim que nos fazem perceber que estamos no lugar certo, à hora certa. Teria bastado o facto de estar na primeira - e tão esperada - aula de História da Música e ter o prazer de conhecer um profissional cujo trabalho sempre admirei, agora tornado meu professor para os próximos meses. Pois a estes ingredientes juntou-se uma surpresa, em jeito de desafio, lançado pelo Rui Miguel Abreu: "Querem terminar a aula a assistir a um concerto?". Se a minha voz interna fosse amplificada naquele instante, ter-se-ia ouvido um "WOW!" bem exclamado.

A noite estava mesmo "condenada" à surpresa e à novidade: o destino era o TMN Ao Vivo, uma das salas de espectáculo mais recentes da cidade, onde eu nunca tinha entrado; a artista que íamos ver dava pelo nome de Hindi Zahra, totalmente desconhecida ao meu ouvido.

Chegados ao local, fui-me ambientando e observando o palco já montado, as pessoas que chegavam, a amplitude de todo aquele espaço, o privilégio de ter o Tejo a escassos metros, Lisboa é cidade que se canta tão bem.

Logo as luzes baixaram, Hindi Zahra entrou em palco, deste lado a curiosidade era muita. Primeiro momento: apenas voz e guitarra, uma melodia suave, calor e conforto - como uma canção de embalar. Um início feliz, como que a convidar os presentes a deixar para trás o longo dia de trabalho (era uma quarta-feira) e as preocupações rotineiras, que iam ficando cada vez mais pequenas. À segunda música, no som e na palavra sentia-se uma declaração de amor. Dei por mim com um sorriso estampado na cara, aquele que temos quando nos sentimos apaixonados. Estava conquistado, portanto.


Na hora e meia que se seguiram, Hindi Zahra e sua banda serviram-nos as canções de Handmade (álbum de estreia editado em 2010 pela Blue Note), pratos exóticos de temperos ocidentais e norte-africanos, entre o jazz e a música berbere, o rock e a soul, a pop e a folk.

Uma fusão que vem incorporada na própria autora de 32 anos: nascida e criada em Marrocos, passando a viver em Paris desde os 15, Hindi Zahra é multi-instrumentalista auto-didacta e dona de uma voz jazzística ("the new Billie Holiday", escreveu a The Wire); em palco, emana o carisma de uma rock star, a sensualidade misteriosa de uma Sherazade, a alegria e espontaneidade de uma artista que está ali pelo amor à música. O público sentiu isso e deixou-se entregar aos momentos de paixão e amor, melancolia e alegria, tradição e fusão, separação e união, introspecção e celebração, emoções e estados de alma tão bem executados por Zahra e cada um dos músicos que a acompanharam.

Teria bastado terminar a aula exactamente na mesma sala onde a começámos, mas acabei por trazer comigo esta experiência (tão agradável quanto inesperada) e o gosto de uma nova descoberta, para ouvir em muitas ocasiões futuras.

Crónica: Hindi Zahra Em Lisboa

Erradamente, o que não falta são pessoas que têm a ideia da world music como algo altamente intelectual, cujos concertos se realizam em salas pequenas e com o público acomodado em cadeiras. Não foi o que se viu no passado dia 9 de Novembro no TMN Ao Vivo, noite em que Hindi Zahra e a sua banda actuaram naquela sala lisboeta. Apresentando o seu único longa-duração (Handmade, lançado no ano passado), a marroquina apresentou um alinhamento em crescendo: se no principio se fizeram ouvir os temas mais introspectivos e cantados em inglês, a partir do meio do espectáculo chegaram os temas mais quentes e animados, cantados, em alguns casos, numa qualquer linguagem berbere.
A crescente empatia criada com o público ali presente permitiu essa mesma actuação em crescendo, não só em termos de ritmos, mas também em termos de confiança em palco. As palmas, que de tema em tema iam sendo mais ruidosas, fizeram até com que tivéssemos direito a um encore e uma série de elogios por parte de Zahra: "estamos muito cansados e fartos de viajar, mas é em pessoas como vocês que encontramos forças para continuar", afirmou. Com efeito, a beleza e a voz de Hindi Zahra ficarão na cabeça de muitos que ali estiveram por muito tempo. Para mim, foram o pretexto inicial para ficar vidrado no palco a absorver cada momento daquele concerto - sim, porque até este começar, não tinha a mínima noção do que iria assistir naquela noite. Que fique registado ainda, que o acerto da banda ao vivo bem como a voz afinadinha de Zahra ao vivo não se encontrão em programas de talentos na televisão nem em qualquer concerto de um nome grande da música, seja ela pop, rock ou outra coisa qualquer.
Últimas palavras para a qualidade e bagagem de todos os músicos em cima de palco. A mistura de influências da música local com conceitos mais globais da pop, rock e soul funcionou, neste caso, perfeitamente. Afinal, a world music também é festa.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Crónica: Hindi Zahra No TMN Ao Vivo

Em noite de ameaça de chuva, numa altura em que o frio de Inverno já se instalava nas ruas de Lisboa, Hindi Zahra, cantora de origem marroquina, preparava-se para encher e aquecer os corações daqueles que ao TMN Ao Vivo se dirigiram. À beira Tejo, a cantora apresentou-se na primeira música de guitarra ao colo, porém foi ao segundo tema que Zahra convenceu a plateia já com todos os músicos que a acompanham em palco.
Num concerto de pouco mais de uma hora, a cantora enfeitiçava todo o público com o decorrer do espectáculo. A boa disposição entre os músicos em palco cativou e passava para quem os ouvia, criando-se uma empatia a largos passos durante o concerto entre músicos e público que enchia pouco mais de meia casa.
Muitos foram até ao concerto desconhecendo completamente a obra e a artista marroquina mas de certo que saíram de lá satisfeitos com um concerto para os mais diversos gostos. Desde a música étnica à rock/pop, com sabor a terra, à folk, passando pela blues e pela soul com a sempre certeira e 'maldita' world music, que cataloga tudo fora do eixo anglo-saxónico; tudo razões para se tirar prazer na audição daquela pérola da música do mundo naquele mesmo dia.
Hindi Zahra
não será dos nomes mais sonantes no que à world music dirá respeito mas que em palco se transforma subtilmente numa sedutora e encantadora de corações isso é certo. A melhor recompensa daquela noite foi a boa surpresa oferecida à maioria dos presentes.
Para quem lá esteve, aquele sorriso tão cedo não sairá da retina.