quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Crítica: Perfume Genius - "Learning"


Matador, 2010
Mais difícil que pensarmos sobre sentimentos que nos perturbam, é relatá-los. Mais difícil que os relatar, é fazê-lo de uma forma tão sincera. É de sinceridade e de relatos de sentimentos perturbadores que se contextualiza “Learning” de Perfect Genius.
O diário de vida do artista solo de Seattle, Mike Handreas. Um caderno de folhas limpas, que vai ganhando contornos de amargura e dissabor a cada palavra que despe a visão profunda de um rapaz de 26 anos.
A voz de timbre subtil, sobre a linha melódica de um piano, marca a harmonia sonora assente na desolação do ser. Fala de morte, solidão e conflitos emocionais numa linguagem simples, como se existisse alguma simplicidade em sentimentos tão complexos.
Conta experiências que moravam num quarto vazio, com a densidade necessária para se sentir que “no one hear all your crying, until you take your last breath” em “Learning”. Aprende-se com Mike Handreas o que este aprendeu com “Mr. Petersen”, “he made me a tape of Joy Division, he told a part of him missing, when i was sixteen, he jumped off a buildyng”. Sai-se do quarto isolado, esquece-se o homem no piano na dimensão instrumental de “Gay Angels”, “No Problem”, ou “Never Did”, que tão bem faz lembrar o eco ambiental de Sigur Rós. As letras que se escondem na textura de um piano em “You Won’t Be Here”, descobre-se que afinal Bon Iver não escreve somente para a Emma e que os Beirut fazem música elegante. E a fragilidade emocional de “Lookout Lookout”, fecha-se as portas para o mundo e sente-se a insegurança da voz que sussurra “there are murders about”.
Excepcionalmente emotivo e genialmente desolador. Learning podia ser a carta de despedida de Mike Handreas, mas é o seu álbum de estreia. Vê-lo é como um filme de final inesperado, que deixa as pessoas incrédulas à saída do cinema. Ouvi-lo pode ser o “Perfume” de um estado de espírito, na personificação “Genius” de uma alma.
4/5

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