segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Crítica: Moonface - "Organ Music Not Vibraphone Like I'd Hoped"

Jagjaguwar, 2011
A 20 de maio de 2011 foi colocado no blog da JagJaguwar, uma editora indie americana que conta com artistas como Bon Iver, Swan Lake e Sunset Rubdown, um texto de 900 palavras que tanto é uma carta pessoal como uma press release. Krug Spencer, o autor, é já um conhecido artista dos ouvidos mais alternativos, Wolf Parade, Swan Lake, Sunset Rubdown, Frog Eyes e Fifths of Seven, uma mão cheia de música não é suficiente e surge Moonface.
Um EP de nome Dreamland EP: marimba and shit-drums já habita o imaginário do novo projecto, a preenchê-lo Krug Spencer toca-nos agora "Organ Music not Vibraphone Like I'd Hoped".
A carta aberta começa com "hoje é o meu aniversário".
O tempo passa, Krug Spencer sabe disso e faz questão de nos relembrar com Moonface, fruto do próprio tempo e talvez o último veículo musical que Krug venha a usar.
Krug é uma pessoa honesta, e tal como o título do EP, o título do novo albúm não mente, um labirinto de melodias onde o órgão, uma bateria electrónica lo-fi e um simples sintetizador são os protagonistas. Como maestro temos a tão particular voz de Krug, tremida, desajeitada, distanciada, lá longe, por vezes como uma manifestação cósmica, esquizofrénica mas repleta de emoção.
Sonoramente falando, o pano de fundo que Krug nos apresenta em todas as músicas pode tornar-se entediante aos mais impacientes, com a faixa mais pequena a tocar 6 minutos, contudo se nos deixarmos hipnotizar pelas diferentes camadas de som e chegarmos à densidade lírica do autor reconhecemos que a música é só metade do recheio.
O mundo imaginário no qual este álbum habita escreve-se entre metáforas, analogias, paradoxos e tantos outros recursos estilísticos. Tem tanto de autobiográfico como de surreal. É um puzzle de palavras.
Denso e complicado, entediante para uns, hipnótico para outros, é a obra de um Krug que envelhece, é um experimentar de ideias. Quem segue o autor atentamente nem uma palavra de descontentamento dirá, para todos os outros talvez não seja a melhor forma de se debruçarem na discografia de Krug Spencer.
4/5

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