segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Crónica: Cortar Na Cultura É A Morte De Um Povo

Texto publicado originalmente na edição n.º 839 do Jornal O Povo do Cartaxo, dia 16 de Dezembro de 2011.
Portugal é realmente o país das desigualdades. Olhando para os planos e compromissos de 2012 para a cultura em Portugal, qualquer pessoa chega à conclusão que a cultura é um ‘bem desnecessário’ para o país. Já em edições anteriores d’O Povo do Cartaxo repudiei a “descida de divisão” do Ministério da Cultura a Direcção Geral da Cultura – uma medida completamente retrógrada, que se traduz num passo para trás de uma sociedade de primeiro mundo para terceiro mundo. Só Hungria e Portugal, na zona europeia, é que não têm um ministério dedicado à cultura – um atentado aos povos. De uma sociedade do século XXI caminhamos para uma sociedade de que só há memória na década de 70 do século XX.
Sim, todas as pessoas ligadas à cultura sabem perfeitamente que “precisamos de cortar” e “emagrecer” o papel do estado numa época como esta que atravessamos, mas estando a Cultura associada ao ministério do Primeiro-Ministro verifica-se que só a cultura é a única pasta que sofre um corte de 20% (!) no orçamento previsto para esta, o que não acontece em qualquer outra pasta do governo. Já para não falar ainda na discriminação dos livros perante o resto da cultura e [perante] os espectáculos desportivos, em que os livros ficarão com a taxa de IVA nos 6%, os espectáculos desportivos a 23% e o resto da cultura a 13%. E o “resto da cultura” (sem menosprezar os espectáculos desportivos) tem tanta importância como os livros: música, teatro, ópera, artes plásticas, museus, património histórico, cinema, espectáculos artísticos, dança, e muitos outros – tudo considerado “lixo cultural” para o actual governo, certamente.
Há ainda nisto tudo duas agravantes. Primeiro, sem investimento na cultura não há receitas; ou seja, quanto menor o investimento na cultura menor serão as receitas fiscais para o estado – é lógico. E desde há muito tempo que é irrisória a fatia do orçamento para a cultura em Portugal. Mesmo atendendo a todos os problemas socioeconómicos mundiais, há muitos exemplos de clareza, eficiência e de bom trabalho por parte de muitos meios e institutos culturais: veja-se, por exemplo, o site do Teatro D. Maria [http://www.teatro-dmaria.pt/] em que estão lá todas as contas e despesas reveladas, e no entanto o secretário-geral da cultura, Francisco Viegas, entendeu “por bem” cortar pelo segundo ano consecutivo em 15% o investimento para aquele espaço, anteriormente dirigido por Diogo Infante – se o investimento já era insustentável que dizer agora? Há quem já tenha feito as contas por mim: todos os portugueses pagam por ano cerca de 19€ para a cultura, em receitas fiscais como as do tabaco, gasolina, comida e outros, e mesmo assim teima-se em cortar na cultura sempre que começa um novo ano.
A segunda agravante, e a mais nefasta para todos nós, é o pensamento que se anda a instalar em toda a sociedade portuguesa por causa de toda a austeridade e sacrifícios pedidos e exigidos. Passo a explicar: hoje em dia é normal ouvirmos a opinião generalizada de que “se temos de poupar, não precisamos de espectáculos culturais para nada”. Todavia, a cultura não se resume a “espectáculos”; a cultura tem um poder social tão forte quanto a educação. A cultura olha para os tempos de ontem, hoje e amanhã, educa povos, muda opiniões… faz-nos pensar! A cultura faz-nos seres melhores e nunca submissos a um pensamento formatado das nações, individualiza as nossas opiniões. Um teatro pode ajudar e libertar as vítimas de violência doméstica; uma pintura ensina-nos a organizar ideias, a reflectir sobre o passado e a sonhar com um futuro melhor; até uma canção do malogrado Tony Carreira (bendito para muitos) nos pode ensinar muito sobre humildade e como lidar com o amor…
Não exijo aqui a maior fatia do orçamento de estado para a cultura em Portugal. Exijo apenas que a cultura não seja olhada de lado e que seja respeitada como uma ferramenta para uma melhor sociedade. Que não seja considerada um luxo nem um lixo; que a cultura seja, sim, somente cultura.

Aparelhagem: Carlos Montês

  • Bob Marley & The Wailers - "Buffalo Soldier" (Legend [Compilação]) 1984;
  • Depeche Mode - "Everything Counts" (The Best Of Depeche Mode Volume 1 [Compilação]) 2006;
  • Rage Against The Machine - "Freedom" (Rage Against The Machine) 1992;
  • Joy Division - "Atmosphere" (The Best Of Joy Division [Compilação]) 2008;
  • Creedence Cleawater Revival - "Lookin' Out My Back Door" (CCR Forever - 36 Greatest Hits [Compilação]) 1994;

Aparelhagem: Hugo Tomé

. Cage The Elephant - "Shake Me Down" (Thank You, Happy Birthday) 2011;
. Foo Fighters - "Walk" (Wasting Light) 2011;
. Bush - "The Sound Of Winter" (The Sea Of Memories) 2011;
. Staind - "Throw It All Away" (Staind) 2011;
. Mastodon - "Curl Of The Burl" (The Hunter) 2011;

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Dealema: mini-tour de apresentação de “A grande Tribulação”.



Os nortenhos passaram pela capital para apresentar a sua “última criança”. No espaço TMN, a noite contou ainda com a participação do espanhol Nach.


O quinto álbum, deste grupo de hip-hop do Porto, sucede assim a “Arte de Viver” de 2010 editado pela Optimus discos. Os MC’s e produtores, Mundo, Maze, Dj Guze, Ex-Peão e Fuze estão de volta com um trabalho mais real e sombrio, num formato clássico relembrando 1996, data do seu primeiro álbum “ Expresso do Submundo”.


Apresentaram-se em Faro, Lisboa e Porto (8,9 e 10 de Dezembro). Fizeram-se acompanhar por Nach, conceituado rapper espanhol, natural de Alicante, que trouxe consigo “Mejor que el silencio” (2011) o seu 8º álbum editado, que tem participações de Talib Kweli, Akhenaton, Dealema, entre muitos outros artistas conhecidos do público. E no Porto, contaram ainda com a participação especial do DJ Rob Swift.


Os Dealema foram adquirindo várias gerações de fãs ao longo do tempo e por isso mesmo os temas da actualidade estão bem presentes n’ “A grande Tribulação”. Da nova geração à educação, da mudança à esperança, das memórias ao futuro, é isto que predomina neste novo CD. A identificação do público com o álbum foi imediata, devido à sua circulação online, prova disso foi o coro da plateia que encheu e iluminou o espaço TMN ao vivo, no Cais do Sodré.


Um disco com duas caras, uma viagem em 3D pelas palavras, pelo lado mais negro da vida, pela crise actual, pelo circo do nosso mundo, com palhaços reais e aterradores - “Verdade ou consequência”.


Com mais de 15 anos de estrada os Dealema mantêm a juventude e rebeldia indispensáveis ao hip-hop e provam com este novo álbum porque continuam a ser uma referência na música nacional.


Joana Nunes e Hugo Tomé

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Crónica - Nouvelle Vague na Arena Live do Casino de Lisboa


De regresso a Portugal, os franceses Nouvelle Vague marcaram presença no palco da sala de espectáculos do Casino de Lisboa, acompanhados de convidados bem conhecidos da música e televisão portuguesas, para a apresentação da sua reinvenção da Pop nacional da década de 80, o projecto Nouvelle Vague PT.

Entrada livre e gente vestida a rigor para um Casino Lisboa "à pinha", onde desta feita a atracção principal não foram as máquinas, ou as mesas de jogo, mas sim a música.

Por entre, os que ainda subiam e desciam as escadas rolantes tentando encontrar o último canto disponível com uma visão aceitável para o palco e os que "estacionaram" para nunca mais se movimentarem do lugar. Helena Noguerra e o restante colectivo entraram em palco sorridentes e cheios de boa disposição, empenhados em contagiar tanto os mais privilegiados das primeiras filas, tal como os que tiveram de acompanhar o concerto pelos vários ecrãs dos diferentes pisos.

A música fez-se sentir inicialmente por temas do repertório francês, aquecendo ainda mais o ambiente já quente nos primeiros 15 a 20 minutos. O desfile aguardado dos anos de ouro da Pop nacional deu-se logo de seguida com a entrada do primeiro convidado Rui Pregal da Cunha e a sua interpretação de "Sol da Caparica" dos Peste e Sida.

Fantasia e boa disposição não lhe faltaram para alimentar a curiosidade da noite em torno das seguintes "representações" em palco das Actrizes Dalila Carmo e Inês Castelo Branco. Enquanto a primeira "sacudiu a pressão" aproveitando o "à vontade" deixado pelos dois entusiastas anteriores e fez de conta que ninguém reparou no seu ar, um tanto ou quanto matinal em "Foram Cardos, Foram Prosas" de Manuela Moura Guedes. A segunda ficou "presa" ao microfone demonstrando que aquele não é o seu palco, mesmo sendo bem mais interessante "ver" aquele "Homem do Leme" dos Xutos e Pontapés, ou menos tradicional aquele "Pastor" dos Madradeus.

A voz Portuguesa da noite ficou a cargo da fadista Teresa Lopes Alves com a gratificação para o público presente da sua dupla interpretação dos temas "Irreal Social" dos BAN e a intemporal "Rua do Carmo" dos UHF.

Nos regressos ao palco de Rui Pregal da Cunha e Dalila Carmo em dueto, ainda houve tempo para a visão francesa do Punk dos Pistols, ou da New Wave dos Joy Division, com as agradáveis versões de "God Save The Queen" e "Love Will Tear Us Apart".

Uns Nouvelle Vague bem conseguidos, para um espectáculo que não foi o "jackpot" que todos esperam quando tentam a sua sorte no Casino, mas foi sem dúvida um tempo bem passado e mais uma aposta bem sucedida na agenda de entretenimento do Casino de Lisboa.

Por: Hugo Tomé & Joana Nunes


Aparelhagem: Hugo Tomé

sábado, 17 de dezembro de 2011

Aparelhagem: Carlos Montês

Notícia: The Beach Boys Reunidos Para Comemorar 50 Anos

Banda da Califórnia reunida para novo disco e tour mundial
Os membros fundadores dos Beach Boys anunciaram a sua reunião para a comemoração do 50.º aniversário da banda. Brian Wilson, Mike Love, Al Jardine, Bruce Johnston e David Marks juntam-se para novo álbum com saída em Abril e para uma tour mundial de 50 datas com começo também em Abril de 2012.
Veja em baixo o vídeo que anuncia a reunião com parte do novo tema "Do It Again", que estará no novo disco dos Beach Boys ainda sem título:

A única data confirmada por enquanto é para o New Orleans Jazz & Heritage Festival que acontece de 27 de Abril a 6 de Maio de 2012 em Nova Orleães (E.U.A.). A banda
prepara-se ainda para dar destaque a todo o seu catálogo, o que deverá resultar numa série de reedições de toda a sua discografia, para além de um novo best of e de uma caixa de luxo que irá debruçar toda a sua carreira.
Veja aqui alguns dos êxitos dos Beach Boys:
"Surfin' USA":
"I Get Around":
"Good Vibrations":
Os Beach Boys formaram-se em 1961 e 1996 é o ano do último álbum da banda com Brian Wilson, Stars And Stripes Vol.1. Já no início deste ano Brian Wilson dava a entender que queria reunir-se com os membros sobreviventos dos Beach Boys, 15 anos depois de iniciar uma carreira a solo; Dennis Wilson e Carl Wilson morreram em 1983 e 1998 respectivamente. Recorde-se que em Novembro passado foi lançado o 'álbum perdido' do grupo, Smile, originalmente pensado para suceder a Pet Sounds de 1966.
Fonte: NME

Videoclip: Boss Ac - "Sexta-feira (Emprego Bom Já)"

Como os meus compinchas aqui do sítio sabem, eu não estou de todo atento ao hip hop internacional. No entanto, no que à própria música portuguesa diz respeito tento estar atento a todos os géneros (ou quase).
Um dos artistas que tenho acompanhado com mais ou menor regularidade no hip hop nacional é Boss AC - "baza, baza / vai p'ra casa, casa / abre pestana, 'tana / isto aqui não é um filme boy!" foi uma das minhas bandas sonoras da pré-adolescência. E embora o hip hop não seja de todo a minha praia, sei reconhecer o mérito que lhe assiste. 2012 é o ano de regresso de Ângelo César (aka 'AC') aos longa-durações, depois da sua viagem em 2009 com Preto No Branco, e o próximo ano reserva-nos o álbum AC Para Os Amigos, que sairá no mês de Fevereiro. Deste já conhecido o primeiro avanço, "Sexta-feira (Emprego Bom Já)", com videoclip para ver em cima.
O que me leva a partilhar o vídeo aqui no Faixa 7 é a ideia do próprio músico português em utilizar a imagem da Lego como veículo de promoção a este single, mas acima de tudo porque esta é uma nova abordagem de Boss AC à sua própria música. Boss AC, e a confirmar-se que o novo álbum tem o mesmo tom que este "Sexta-feira (Emprego Bom Já)", carrega ainda mais no funk do seu hip hop e descobre uma veia rock na sua música - mais pluralidade como é apanágio do hip hop. A verificar-se também a presença de uma banda em estúdio (como relata o vídeo), eu aposto que AC Para Os Amigos é o álbum mais bem conseguido do músico português. É esperar para ouvir.
Créditos:
  • Pedro e o Gato & Rizoma Produções Audiovisuais
  • Realização: Pedro Mota Teixeira
  • Produção: Ilídio Moreira
  • Animação, Pós-Modelação e Pós-Produção: Pedro Mota Teixeira e Luís Félix
  • Edição: Pedro Mota Teixeira E Ilídio Moreira
  • Ideia: AC Firmino

Nota: Optimus Alive'12 No NME


O Optimus Alive'12, desde o anuncio dos Radiohead, que está a ser mencionado em várias publicações ou sites de renome mundial. A NME é uma delas que podem espreitar aqui.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Noticia: Busta Rhymes e Mystikal assinam com Cash Money!


Depois de Busta Rhymes foi a vez de Mystikal! Estes dois veteranos do Hip Hop acabaram de assinar com a produtora dirigida por Birdman e Lil Wayne, Cash Money.

Em entrevista Birdman noticiou que já está em estúdio juntamente com Slim (um dos fundadores da produtora Cash Money) a produzir o novo álbum de Mystikal que sairá na Primavera, mas ainda sem data prevista.  

Birdman não deixou de elogiar Mystikal pelo seu longo percurso como rapper, dizendo ainda que o facto de Mystikal se ter juntado à família Cash Money de certeza que lhe irá trazer os melhores momentos da sua carreira. O primeiro single de Mystikal, 'Original',  tem estreia exclusiva marcada para dia 13 de Dezembro na estação de rádio HOT 97. Esta faixa conta ainda com a participação de Lil Wayne e Baby. 

Para Busta Rhymes a primeira revelação como membro da produtora será no lançamento do seu próximo álbum 'E.L.E. (Extinction Level Event) 2: End Of The World' com estreia exclusiva no Google Music, sendo que o primeiro single 'Why Stop Now' que conta com a participação de Chris Brown, já foi lançado.

Crónica: 80 < 90

Texto publicado originalmente na edição n.º 833 do Jornal O Povo do Cartaxo, dia 23 de Setembro de 2011.
Faz amanhã, dia 24 de Setembro, 20 anos que foi lançado um álbum que revolucionou a indústria musical mundial. Falo do disco Nevermind dos Nirvana, banda de Seattle (E.U.A.), responsável por uma das grandes viragens na música no século passado, revolução que ecoa ainda nos dias de hoje. "Smells Like Teen Spirit", em particular, música presente no disco em questão, é «A» música deste disco e de uma era; fora dos formatos da pop/rock da altura dominante, de cabedal e cabelos platinados, e de espírito declaradamente underground, traz consigo todas (ou quase) as bandas de garagem para a ribalta. Por impossível que possa parecer foi responsável pelo aparecimento e criação de inúmeras bandas que poderiam também sonhar com o sucesso a partir daquele momento, daquele lançamento, e é também responsável pela criação de diversos e dispersos formatos de alto consumo de canções fora do formato pop reinante. A pop continuava a reinar mas outras linguagens surgiam com tanta ou mais força. A isto tudo junta-se o mito: Kurt Cobain, líder dos Nirvana, que tinha uma voz declaradamente limitada, mas peculiar, surge numa imagem fora dos parâmetros normais de estrela pop; torna-se no último grande “herói” do rock mundial também com um alegado suicídio, em 1994, que põe todo o sucesso alcançado num patamar ainda mais alto, bem como ajuda a criar um mito para a eternidade, escrito nas páginas da história da música mundial popular. 1991 marcou definitivamente o mundo da música, com grande destaque para este disco; não só a sua música - foi e é algo maior para além disso.
Aproveito então esta efeméride, e numa altura em que está na calha o lançamento de diversas reedições de luxo deste disco (DVDs, raridades, caixas especiais, edições limitas…) para rejubilo de muitos que viveram aquela época com os seus próprios olhos, para dissecar um assunto: será a década de 80 a melhor da música? Nas seguintes linhas farei por clarificar o meu pensamento.
Hoje as pessoas que viveram intensamente o tempo dos Nirvana, de Seattle e toda a década de 90 terão 30 ou mais anos, ou seja isto corresponderá, se a sociedade assim o proporcionou naturalmente, a um maior poder económico para essas pessoas na actualidade – regra geral. Isto significa que hoje essas pessoas tem capacidade financeira para coleccionar, consumir e ouvir o material e a música da sua adolescência, do seu tempo – a década de 90. Com isto quero afirmar que a partir de agora, aos poucos e poucos, será a década de 90 a melhor década da música, como é óbvio observar. Tudo porque a indústria musical vai potenciar as suas forças para este novo “nicho” (note-se o eufemismo) que tem agora poder financeiro para comprar as bandas sonoras da sua juventude.
Não falo só de Nirvana e das bandas à volta desta que despontaram da música underground a partir de 1991, falo também de toda a década de 90, com tantos outros grandes nomes da pop (boys e girlsbands, as Britney Spears entre outros(as)); o hip-hop e o seu exponencial crescimento; o metal, os seus congéneres e as fusões de metal com hip-hop; a electrónica; a eurodance; o tecno e a disco sound da mesma década. Todo o foco e poder financeiro vão estar, nos próximos tempos, virado para aqueles anos.
É, e sempre será assim. Quando uma nova década começa, uma nova geração, que acaba de adquirir poder financeiro, começa a moldar, a dar as coordenadas e as direcções (onde está o dinheiro, entenda-se) para toda a indústria musical de forma a que esta forneça aquilo que esta nova geração quer ouvir. É a lei normal da passagem do tempo, ganha quem pode, e será a década de 90 a melhor daqui adiante.
Agora, caro leitor, da próxima vez que lhe perguntarem qual é a melhor década da música reflicta bem. A década de 90 está prestes a reinar durante uns 10/15 anos e certamente que em 1976 ninguém reconheceria a década de 80 como a melhor da música. Sei que eleger a década 90 como a melhor da música é pura subjectividade, tal como nomear a de 80, a de 70 e por aí adiante; mas conformemo-nos e desfrutemos da década que irá dominar nas nossas rádios, seguir-se-ão outras a seguir a esta.
Alguém pediu o regresso dos anos 90?

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Crónica: Smashed Head no Saramaga Rock

Smashed Head abriram mais uma edição do Saramaga Rock. Veja aqui o vídeo de "Broken Silence" ao vivo.
Mais de um ano depois de se terem atirado aos palcos, os Smashed Head estreavam-se finalmente em Vila Chã de Ourique - vila que fornece à banda metade dos seus elementos. Coube-lhes a honra de dar o tiro de partida da sexta edição do Saramaga Rock, festival que também regressava neste dia 2 de Agosto de 2011 à casa-mãe depois de uma quinta edição realizada no Cartaxo.
Os Smashed Head são uma banda de quê? Punk hardcore? Thrash metal? Metalcore? Ainda ninguém sabe. Sabemos apenas que se trata de um dos mais pesados projectos saídos do rock cartaxense e que conseguiu juntar à sua volta uma interessante base de fãs. Nem os Fantasy Opus, nem os The Temple, os outros nomes do cartaz, se podem orgulhar de uma assistência maior que a que seguiu o concerto da jovem banda.

Os Smashed Head basearam o alinhamento nos seus próprios originais, os três presentes no EP The Creature e ainda a recém-estreada "Broken Silence". Houve no entanto tempo para diversas versões e covers: a versão "metaleira" de "I Want It All" dos Queen e "Cowboys From Hell" dos Pantera abriram o concerto.
Pelo meio foram desfilando ainda os originais "Blackloud" e "Creature" - com um Carlos Prada bastante enérgico na guitarra (segundo o próprio, a formula chama-se Monster Energy) -, a versão acelerada de "Enter Sandman" dos Metallica, "Breaking The Law" dos Judas Priest para o público mais antigo e ainda o momento de mais humor com o medley "Peace Is Dead/Warriors Of The Hezbollah" dos Kalashnikov.
A interacção com o público esteve, como sempre, a cargo do baixista Francisco Costa, mas também o vocalista Marco Boavida havia de deixar a sua marca no concerto ao recusar-se a abandonar o palco sem tocar "Until The End" - que a banda afirma carinhosamente tratar-se do seu single. O pequeno verso deste tema "smash your head" foi quase cantado em uníssono pela plateia, para surpresa dos próprios músicos.
No final, e apesar de mais de uma hora de concerto, o público pedia mais. Terá de ficar para outro dia.

Setlist:
  • "I Want It All" (Queen)
  • "Cowboys From Hell" (Pantera)
  • "Blackloud"
  • "Enter Sandman" (Metallica)
  • "Creature"
  • "Braking The Law" (Judas Priest)
  • "Let The Bodies Hit The Floor" (Drowning Pool)
  • "Chop Suey!" (System Of A Down)
  • "Broken Silence"
  • "Peace Is Dead/Warriors Of The Hezbollah" (Kalashnikov)
  • "Until The End"

Aparelhagem: Hugo Tomé

domingo, 11 de dezembro de 2011

Videoclip: "When I Grow Up"

Em 2009, Karin Dreijer Andersson fazia uma pausa no trajecto dos The Knife e lançava-se num projecto a solo, sob o pseudónimo Fever Ray.
O álbum de estreia homónimo abria as portas para um mundo oculto, feito de electrónicas sombrias, vozes distorcidas e imagens inquietantes. O videoclip que acompanha o segundo single é uma hábil extensão desse universo.
Em "When I Grow Up", observamos o passo lento e arrepiante de uma rapariga-zombie, sobre as águas estagnadas de uma piscina. A narrativa culmina num momento sobrenatural e hipnótico, tão fascinante como poucos têm sido neste domínio, em tempos recentes.
Realizado por Martin de Thurah, conhecido também por filmar a música de James Blake, "When I Grow Up" foi considerado o terceiro dos 20 melhores videos de 2009, segundo a revista Spin.

Intérprete: Fever Ray
Realizador: Martin de Thurah
Ano: 2009

Aparelhagem: André Beda

Crítica: Kate Bush - "50 Words For Snow"


Fish People, 2011

É sempre um acto solene, o de escutar um novo álbum de uma figura tão mítica. Não só por estarmos diante da Grande Sacerdotisa do art rock e uma das intérpretes britânicas mais marcantes dos últimos 30 anos, definidora de uma nova experiência sonora no feminino - abrindo caminho para a linhagem prosseguida por Tori Amos, Bat For Lashes ou Joanna Newsom. Mas também porque Kate Bush, afastada da órbita musical desde os anos 90, só voltou a manifestar a sua arte ao fim de 12 anos (com Aerial, em 2005), regressando ao silêncio desde então.
Eis que o espírito distante ressurge novamente, com a névoa de Novembro, para nos contar sete histórias de Inverno, no novíssimo 50 Words For Snow.
Tudo começa com um floco de neve a cair. É o seu próprio filho que, no primeiro conto, personifica a leveza, a lenta aproximação ao mundo cá em baixo. "The world is so loud / keep falling / I'll find you", responde Kate, uma mão maternal estendida no ar, a outra perpetuando uma sequência minimal e hipnotizante de piano.
Em "Lake Tahoe", a voz revela-se, sólida e madura (tão longe do registo que a notabilizou em "Wuthering Heights"), para dar corpo ao fantasma da mulher que habita o lago onde morreu afogada, à procura do seu cão. Um reencontro com a Kate Bush primordial, bela e fantasmagórica, prolongado em "Misty", o conto seguinte. Não sabemos se o seu encontro amoroso/sobrenatural com um boneco de neve é sonho ou realidade, mas sentimos a paixão, a ardência, o abandono, a angústia. Piano, baixo, voz e violinos entretecem-se numa viagem envolvente de 13 minutos, pondo a descoberto a sensualidade que sempre permeou a expressão da intérprete.
"Wild Man" é magnífico e cinemático: uma travessia no gelo do Tibete, um grupo de exploradores, o apelo da narradora à abominável criatura perseguida ("Run away, run away"), por quem sente compaixão ("You sound lonely").
Na história seguinte, Elton John junta-se para um dueto, cantando um amor que desafia os limites do tempo, num anseio de imortalidade. Duas interpretações sinceras que precedem o exercício experimental da faixa-título, onde as 50 formas de designar a neve se desdobram sobre a cadência ácida do baixo, da bateria e da guitarra.
Por fim, a graciosidade: em "Among Angels", a voz e o piano de Kate são sublimados por arranjos orquestrais. Um sinal de conforto ("I might know what you mean when you say you fall apart") e uma promessa ("I can see angels standing around you") aquecem o coração, no final desta travessia.
50 Words For Snow é um álbum atmosférico, contemplativo, cuja beleza se deixa descobrir a cada audição. Gélido, mas com a mesma dimensão emocional de sempre. A neve vai derretendo, até que o espírito distante se retira, por fim. Confortados com a visita, esperamos pela próxima aparição de Kate Bush, com a mesma solenidade e reverência.
4/5

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Aparelhagem: Carlos Montês

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Crítica: Jurassic 5 - "Power in Numbers"

Interscope, 2002

Jurassic 5 dispensam apresentações. Este antigo grupo de "dinossauros" de L.A composto por quatro mc’s (Akil, Chali 2na, Marc 7even e Zaakir) e por dois dj’s ( Cut Chemist e Nu-Mark) lançou em 2002 Power in Numbers, álbum este que viria a conquistar muitos fãs fora do hip-hop devido à sua mistura de estilos que vão desde o jazz à electrónica, do old- school ao pop e ainda com passagem pelo funk e R&B.
Repleto de faixas maduras que fluem facilmente de umas para as outras, começa com os últimos acordes da ultima canção do álbum anterior, Quality Control (2000) como se de uma continuação se tratasse.
Em todo o álbum, existe um jogo de palavras divertido e inteligente, onde reinam os temas quotidianos e histórias de amor urbano. Não obstante a complexidade da mistura de ritmos, trata-se de uma música simples, para toda gente e para todas as ocasiões. Em que se vai descobrindo, com a passagem das faixas, novos instrumentos, novas ideias e novas experiências como se um disco perdido no tempo de hip-hop old-school, fosse injectado com criatividade e modernidade.
A Day at the Races” conta com mais dois gigantes: Percee P e Big Daddy Kane e destaque ainda para a “Thin Line” com a luso-canadiana Nelly Furtado.
Um álbum jurássico cheio de personalidade em que a chama do hip-hop está bem viva mesmo com o seu grupo extinto.
4.5/5

Crítica: Perfume Genius - "Learning"


Matador, 2010
Mais difícil que pensarmos sobre sentimentos que nos perturbam, é relatá-los. Mais difícil que os relatar, é fazê-lo de uma forma tão sincera. É de sinceridade e de relatos de sentimentos perturbadores que se contextualiza “Learning” de Perfect Genius.
O diário de vida do artista solo de Seattle, Mike Handreas. Um caderno de folhas limpas, que vai ganhando contornos de amargura e dissabor a cada palavra que despe a visão profunda de um rapaz de 26 anos.
A voz de timbre subtil, sobre a linha melódica de um piano, marca a harmonia sonora assente na desolação do ser. Fala de morte, solidão e conflitos emocionais numa linguagem simples, como se existisse alguma simplicidade em sentimentos tão complexos.
Conta experiências que moravam num quarto vazio, com a densidade necessária para se sentir que “no one hear all your crying, until you take your last breath” em “Learning”. Aprende-se com Mike Handreas o que este aprendeu com “Mr. Petersen”, “he made me a tape of Joy Division, he told a part of him missing, when i was sixteen, he jumped off a buildyng”. Sai-se do quarto isolado, esquece-se o homem no piano na dimensão instrumental de “Gay Angels”, “No Problem”, ou “Never Did”, que tão bem faz lembrar o eco ambiental de Sigur Rós. As letras que se escondem na textura de um piano em “You Won’t Be Here”, descobre-se que afinal Bon Iver não escreve somente para a Emma e que os Beirut fazem música elegante. E a fragilidade emocional de “Lookout Lookout”, fecha-se as portas para o mundo e sente-se a insegurança da voz que sussurra “there are murders about”.
Excepcionalmente emotivo e genialmente desolador. Learning podia ser a carta de despedida de Mike Handreas, mas é o seu álbum de estreia. Vê-lo é como um filme de final inesperado, que deixa as pessoas incrédulas à saída do cinema. Ouvi-lo pode ser o “Perfume” de um estado de espírito, na personificação “Genius” de uma alma.
4/5

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Crítica: Moonface - "Organ Music Not Vibraphone Like I'd Hoped"

Jagjaguwar, 2011
A 20 de maio de 2011 foi colocado no blog da JagJaguwar, uma editora indie americana que conta com artistas como Bon Iver, Swan Lake e Sunset Rubdown, um texto de 900 palavras que tanto é uma carta pessoal como uma press release. Krug Spencer, o autor, é já um conhecido artista dos ouvidos mais alternativos, Wolf Parade, Swan Lake, Sunset Rubdown, Frog Eyes e Fifths of Seven, uma mão cheia de música não é suficiente e surge Moonface.
Um EP de nome Dreamland EP: marimba and shit-drums já habita o imaginário do novo projecto, a preenchê-lo Krug Spencer toca-nos agora "Organ Music not Vibraphone Like I'd Hoped".
A carta aberta começa com "hoje é o meu aniversário".
O tempo passa, Krug Spencer sabe disso e faz questão de nos relembrar com Moonface, fruto do próprio tempo e talvez o último veículo musical que Krug venha a usar.
Krug é uma pessoa honesta, e tal como o título do EP, o título do novo albúm não mente, um labirinto de melodias onde o órgão, uma bateria electrónica lo-fi e um simples sintetizador são os protagonistas. Como maestro temos a tão particular voz de Krug, tremida, desajeitada, distanciada, lá longe, por vezes como uma manifestação cósmica, esquizofrénica mas repleta de emoção.
Sonoramente falando, o pano de fundo que Krug nos apresenta em todas as músicas pode tornar-se entediante aos mais impacientes, com a faixa mais pequena a tocar 6 minutos, contudo se nos deixarmos hipnotizar pelas diferentes camadas de som e chegarmos à densidade lírica do autor reconhecemos que a música é só metade do recheio.
O mundo imaginário no qual este álbum habita escreve-se entre metáforas, analogias, paradoxos e tantos outros recursos estilísticos. Tem tanto de autobiográfico como de surreal. É um puzzle de palavras.
Denso e complicado, entediante para uns, hipnótico para outros, é a obra de um Krug que envelhece, é um experimentar de ideias. Quem segue o autor atentamente nem uma palavra de descontentamento dirá, para todos os outros talvez não seja a melhor forma de se debruçarem na discografia de Krug Spencer.
4/5

Crónica: Viva o Fado (Hoje e Amanhã)

Texto publicado originalmente na edição n.º 838 do Jornal O Povo do Cartaxo, dia 2 de Dezembro de 2011.
Confesso que este não era para ser o tema do artigo desta edição d'O Povo Do Cartaxo. Planeava voltar a questão do serviço público nos meios de comunicação, abordando agora o tema das rádios estatais, mas terá de ficar para outra oportunidade. A razão para esta alteração de planos prende-se com o todo o espectáculo criado à volta da aprovação do Fado como Património Imaterial da Humanidade. Sei que nem todos deram a mesma atenção a este importante reconhecimento - a maior parte dos noticiários continuaram a abrir com futebol - mas os que deram, fizeram-no de uma forma algo exaustiva. Não é todos os dias que vemos quase 30 minutos de um telejornal dedicados à cultura. Aliás, não tenho memória de algo semelhante ter acontecido.
Não estou, de forma alguma, a contestar a atenção dada a este acontecimento. Apenas gostaria de advertir o público para dois factores. O primeiro dos quais tem a ver com os que não deram importância alguma a este acontecimento: se algo tão tipicamente português como o Fado não interessa aos portugueses, não estou bem a ver o que interessará. Sabemos bem como funciona o jornalismo televisivo em Portugal. Por um lado, há espaço na grelha para um telejornal com quase duas horas de duração, mas dentro do próprio telejornal não há espaço para um bloco de notícias culturais digno desse nome, nem para mais notícias de desporto que não futebol. O recado serve também para os que no fim-de-semana passado fizeram uma cobertura exemplar do acontecimento, para que não adormeçam à sombra de um bom momento e continuem a falar de cultura sem a arrumarem para um canto no final do telejornal, como se de um assunto menor se tratasse.

Decerto compreendem e partilham da minha surpresa, não é normal passar-se tanto tempo a falar de algo que realmente interessa e nos leva a algum lado. A falta de hábito dos portugueses no que toca a encontrar cultura nos meios de comunicação não especializados leva-me ao segundo ponto: o Fado ser Património da Humanidade, só por si, não vale nada. Há cerca de um ano era o Flamenco que estava na posição do Fado e, já hoje, alguns membros da comissão que prepararam a sua candidatura desejavam melhor sorte aos portugueses como património Imaterial da Humanidade. Refira-se ainda que o Flamenco tem feito um esforço no sentido da modernização, quer seja por conta própria ou por fusão com outros estilos. O Fado, convenhamos, não mudou assim tanto e as fusões que têm surgido a conta-gotas são previsíveis e pouco arrojadas. Ou seja, há que promover agora o Fado como património da humanidade, caso contrário sete anos da vida dos autores da candidatura podem ficar comprometidos.

Nos últimos dias pode-se ter ouvido falar muitas vezes em Fado, mas se o deixarmos cair no esquecimento, tanto faz que seja património da humanidade ou património do gado bovino. Cabe a nós público e aos meios de comunicação, fazer "propaganda" a este nosso produto. E, provavelmente, é o melhor momento para o fazer, já que estamos num período de popularidade do Fado só equiparável a outro acontecido algures antes do 25 de Abril.
Ao contrário do que muitas mentes retrógradas pensam, a música não é só entretenimento. É também parte da história dos povos e, sendo assim, o Fado conta uma grande parte da história dos portugueses. Resta-me dar os parabéns aos autores desta candidatura e a todos os que ajudam a levar o Fado, a língua e música portuguesas além fronteiras. O trabalho começa agora.

Aparelhagem: Hugo Tomé

domingo, 4 de dezembro de 2011

Aparelhagem: André Beda

sábado, 3 de dezembro de 2011

Aparelhagem: Carlos Montês

  • Warpaint - "Shadows" (The Fool) 2010;
  • Dum Dum Girls - "Bedroom Eyes" (Only In Dreams) 2011;
  • The Black Belles - "Lies" (The Black Belles) 2011;
  • Vivian Girls - "I Heard You Say" (Share The Joy) 2011;
  • Wild Flag - "Romance" (Wild Flag) 2011;

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Videoclip: "I've Got You Under My Skin"

Intérprete: Neneh Cherry
Realizador: Jean-Baptiste Mondino
Ano: 1990

No Dia Mundial de Luta Contra a Sida, o Faixa 7 estreia a nova rubrica dedicada à arte do videoclip, com "I've Got You Under My Skin", interpretado por Neneh Cherry.

Este é um tema que fez parte do álbum Red Hot + Blue (1990), a primeira de uma série de compilações editadas pela Red & Hot Organization, com o objectivo de recolher fundos para a luta contra a Sida. Tendo a música de Cole Porter como fio condutor, Red Hot + Blue reuniu as participações de artistas como David Byrne, Iggy Pop e Debbie Harry (em dueto), Annie Lennox, Tom Waits, KD Lang, os Erasure e os U2, entre muitos outros.

O contributo de Neneh Cherry foi magnificamente ilustrado pelo realizador francês Jean-Baptiste Mondino. Nome incontornável da fotografia de moda, Mondino estendeu a sua visão artística para o campo do video musical, durante as décadas de 80 e 90, tendo trabalhado para artistas como Madonna, David Bowie, Sting, Björk, Les Rita Mitsouko e Neneh Cherry, que agora recordamos.

Neste video, o clássico de Cole Porter converte-se em manifesto de som, imagem e palavra, por uma causa que, duas décadas depois, continua a necessitar da máxima atenção. Infelizmente.