quinta-feira, 29 de março de 2012

Mark Lanegan, A Voz Alternativa Do Grunge

Mark Lanegan actua dia 30 de Março no Hard Club, no Porto, e no dia seguinte na Sala TMN Ao Vivo, em Lisboa, para a apresentação do mais recente Blues Funeral. Recorde aqui a carreira do músico

"Se nunca me associassem ao grunge é que eu ficava satisfeito. Prefiro permanecer no momento presente.", afirma Mark Lanegan numa entrevista à Blitz que faz a antevisão aos seus dois próximos concertos em Portugal com a Mark Lanegan Band. Um percurso que conta com 47 anos de vida, 27 dos quais dedicados à música: tem uma respeitável carreira a solo, fundou os Screaming Trees, passou pelos Queens Of The Stone Age, foi inúmeras vezes convidado a dar a sua voz e tem mais uns tantos projectos. O mundo de Lanegan está repleto de música, e o grunge é 'só' o pontapé de saída.
Nascido em 1964, na cidade Ellensburg do estado de Washington, Mark Lanegan vem de uma família disfuncional da qual tentou sempre fugir. A sua relação com as drogras pesadas começou muito cedo, e aos 18 anos esteve um ano na prisão por crimes relacionados com o seu consumo. Um ano mais tarde, durante a sua reabilitação, Lanegan conheceria o baixista Van Conner, com o qual iria formar os Screaming Trees em 1985. O grupo foi parte do movimento grunge, ao lado de nomes como Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden ou Alice In Chains, e é em 1986 que sai a sua estreia, Clairvoyance. No entanto, só com álbum Sweet Oblivion (1992), é que os Screaming Trees antigiriam o seu pico de sucesso. Quatro anos depois, com Dust, lançariam o seu último disco e em 2000 a banda termina devido, essencialmente, a uma carreira com pouco sucesso comercial.
Contudo, a década de 90 foi também palco para o início da carreira a solo de Lanegan. O norte-americano, conhecido pela sua voz áspera, arrastada e sôfrega, lança em 1990 a sua própria estreia, com The Winding Sheet, onde colaboraram Kurt Cobain e Krist Novoselic dos Nirvana. Este seria o primeiro de sete discos já editados a solo - o maior sucesso entre a crítica e o público é de 2004 com Bubblegum. Neste disco, que antecede o novo Blues Funeral de Fevereiro passado, Mark teve convidados de luxo como PJ Harvey, Josh Homme e Nick Oliveri dos Queens Of The Stone Age, Duff McKagan e Izzy Stradlin dos Guns N' Roses, entre outros. Para além disso, Lanegan é muito requisitado, participando em discos dos The Twilight Singers, Mad Season (super-grupo grunge formado por membros dos Alice In Chains e Pearl Jam), Soulsavers, no projecto electrónico UNKLE, entre muitos outros.
Sendo o grunge indissociável da sua carreira, também o stoner rock não deve ser esquecido. Masters Of Reality, The Desert Sessions de Josh Homme e Mondo Generator de Nick Oliveri, são alguns dos nomes onde Lanegan colocou a sua voz, mas é nos Queens Of The Stone Age (QOTSA) que a sua cicatriz ficou imprimida na cena de Palm Desert, da Califórnia. Rated R (2000), Lullabies To Paralyze (2005) e Era Vulgaris (2007) foram três álbuns onde Mark aparece como convidado, mas a sua ligação é mais forte no maior sucesso da carreira QOTSA: em 2001 entra para o grupo como membro a tempo inteiro, grava a obra Songs For The Deaf (2002) e até 2005 faz tours com a banda.
A carreira do músico é marcada ainda pela colaboração em disco com a fundadora dos Belle & Sebastian, a escocesa Isobal Campbell. Em Ballad Of The Broken Seas (2006) a folk/pop juntava-se ao rock alternativo, o que lhes valeu uma nomeação para os Mercury Prize. Seguiram-se ainda Sunday At Devil Dirt (2008) e Hawk (2010). Além disso, Mark Lanegan tem ainda a colaboração com o seu amigo de longa data Greg Dulli (The Twilight Singers, The Afghan Whigs), que dão voz aos The Gutter Twins. O projecto nasceu em 2003, mas só viu edição física em 2008 com o álbum Saturnalia e o EP Adorata, louvados pela imprensa musical.
No próximo fim-de-semana, é uma das maiores vozes do rock alternativo que se ouvirá em Portugal. Não uma, mas duas vezes Mark Lanegan. E Blues Funeral é o velório a não perder.

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