segunda-feira, 5 de março de 2012

Crítica: Sharon Van Etten - Tramp


JagJaguwar/Popstock
(2012)


Tramp, o simples som de vagabundear no álbum de estreia de Sharon Van Etten pela Editora Jagjaguwar.

Durante 14 meses a cantora indie/folk norte-americana esteve em constante movimento pela cidade de Nova Iorque. Sem residência fixa, por entre o bater à porta de alguns amigos e de uns quantos conhecidos, descobriu no estúdio caseiro de Aaron Dessner (The National), o conforto necessário para contar como são as verdadeiras sensações de "vagabundear".

Em momentos previamente definidos como instáveis, Tramp é um álbum que se contextualiza pela estabilidade de sons suaves, delineados na voz cintilante da cantora norte-americana.

Mochila às costas nas incertezas de quem "vagabunda" pela procura do conforto emocional, não há truques, ou teorias para a superação, há sim uma história para contar. É este o argumento desta longa-metragem, que convida à tranquilidade emocional, na explosão da tensão das sensações.

Tema a tema, os encantos deste cenário de amores e dissabores vai tendo como protagonistas principais uma guitarra e uma voz. Os minutos são descritos ao pormenor e o cenário raramente se repete. Da harmonia pop de "Warsaw", à irritação de "Serpents", ouvem-se os "acordes mágicos" de "Magic Chords", para percebermos que "Give it Out" é a razão pela qual Sharon não vai partir para um lugar certo.

Com as participações de vários nomes do panorama musical da actualidade, era de estranhar que os músicos não tivessem mais amigos músicos, e à porta de Aaron Dessner também bateram Matt Barrick (The Walkmen), Zach Condon (Beirut), ou Julianna Barwick (Wye Oak), para desempenharem papéis secundários no brilhantismo da beleza singular e intimista de Sharon.

Tramp é possívelmente a afirmação da maturidade de Sharon Van Etten. É a conclusão do longo caminho de quem encontra o conforto interior, na perdição do percurso das sensações.

4/5

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