segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Crónica: Mastodon no Coliseu dos Recreios




O Coliseu dos Recreios com música “sem parar", na tão aguardada estreia em nome próprio dos norte-americanos Mastodon.


Umas horas antes do início do espectáculo nas imediações da sala lisboeta, já os cafés se "vestiam de negro" e a muita cerveja era "peça decorativa" nas mesas. O sempre fiel público “metaleiro” entrava em estágio para um Coliseu que não encheu, mas que tinha grandes expectativas em torno da actual banda sensação do Metal.

As primeiras guitarras fizeram-se ouvir pelo quarteto de Portland Red Fang, que mesmo não sendo propriamente do lado mais negro da família, fazem um rock de “barba rija” e terminaram a sua curta actuação com o público a gritar bem alto o seu nome, sobre o contentamento de uma agradável surpresa.

Eis que no tempo de se pedir mais uma cerveja e fumar mais um cigarro, a introdução de “Dry Bone Valley” foi como uma sirene de alerta para a chegada dos “homens das cavernas” de Atlanta e o seguimento explosivo de “Black Tongue”, fez as delícias dos que desesperavam por ouvir ao vivo um dos álbuns mais elogiados pela crítica em 2011.

Sem interagirem uma única vez com público durante toda a actuação, os novos temas de The Hunter preencheram grande parte do alinhamento da banda norte-americana, mas não se resumiram à única “caçada” da noite. O lado mais “carniceiro” dos primeiros álbuns Leviathan e Blood Mountain fez-se sentir ao som de "Crystal Skull", "I Am Ahab", ou "Iron Tusk", e a viagem melódica de Crack The Skye também não ficou esquecida na arte de bem tocar “Ghost of Karelia”.

Tecnicamente perfeitos (não estivéssemos nós a falar de músicos de Metal), os solos de guitarra de Brent Hinds são daqueles que não se aprendem nos livros e a coordenação motora que sai da bateria “rudimentar” de Brann Dailor, faz-nos concordar com Lars Ulrich (Metallica), quando este afirmou que na actualidade Brann é um dos melhores bateristas do mundo.

Um ponto negativo foi a acústica do Coliseu (aspecto não muito recorrente numa das melhores salas do país), pois em nada ajudou as vozes que claramente são o “elo mais fraco” da banda fora de estúdio. Não fosse o coro do público durante “Curl Of The Burl” e poderíamos afirmar que até existiu uma certa apatia de quem por determinados momentos, parecia estar apenas a ouvir um concerto instrumental.

No final ainda houve tempo para o palco se encher de “tipos barbudos” com o regresso dos Red Fang no último tema “Creature Lives”, quando finalmente a linguagem ouvida foi além da música e dos microfones saiu um “obrigado, vemo-nos no verão!”.

Mastodon de respeito, numa noite de estreia que termina sobre a confirmação do regresso a Portugal dia 25 de Maio, na presente edição do Festival Rock in Rio.




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