No passado dia 16 de Maio, a ETIC proporcionou, aos que por lá
apareceram, uma palestra/conversa de tom informal com Zé Pedro, uma das
figuras de maior relevo do panorama musical português. Ser humano de
qualidades inestimáveis, o guitarrista dos Xutos & Pontapés abordou
de forma descomprometida diversos aspectos da sua carreira como músico:
como os Xutos são uma banda com os olhos postos no futuro; como, no
principio, tocavam em qualquer lugar e por qualquer preço; ou como em
1977 havia entre 15 e 20 punks em Lisboa.
O músico, que já foi jornalista, foi deliciando a audiência com
episódios diversos e marcantes na sua já longa carreira, de mais de 30
anos. Mas o que me traz a estas linhas é uma simples afirmação: "na
vida, o mais importante é dar e receber. Quando tens 30 mil pessoas a
aplaudir-te efusivamente, tens de retribuir esse carinho de forma
obrigatória". Zé Pedro referia-se, obviamente, ao primeiro concerto, na
edição do ano passado do Optimus Alive, após o mui badalado transplante
hepático a que foi sujeito. Numa época em que, perdoem-me a expressão,
há música a rodos, os artistas têm de procurar novas formas de fidelizar
o público. É mais que evidente que a arrogância artística já não é algo
que encante particularmente as audiências. Aliás, é perfeitamente
natural que numa era em que todas as distâncias estão cada vez mais
curtas, o público procure também uma maior proximidade com os seus
ídolos.
Já não basta a música. Há todo um pacote que inclui a imagem, a
ideologia, a atitude e um sem número de factores, que é procurado por
quem consome música. Zé Pedro e os Xutos & Pontapés perceberam isso,
não nos dias de hoje, mas desde o principio de carreira. Dessa forma, a
maior banda nacional retribui o carinho público com total entrega em
palco e novidades de todas as formas e feitios: música, alinhamentos de
concertos ou merchandising. Este, meus caros, é o grande segredo para
que a música dos Xutos atravesse três gerações com o sucesso que se vê.
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