segunda-feira, 11 de junho de 2012

Reportagem: X-Wife, 10 Anos Depois


Parece que foi ontem, mas já lá vão 10 anos em cima do palco. Em 2002 eram uma novidade quase absoluta em Portugal, numa altura em que as bandas que apostavam no rock dançável eram poucas. Mas, quando o revivalismo pós-punk rebentou a nível mundial, foram acusados de copiar o que era moda lá fora. Felizmente, este foi um dos raros casos no mundo da música em que a verdade veio ao de cima, fazendo dos X-Wife uma referência do Portugal musical. Especialmente após Are You Ready For The Blackout?.

Como se tratasse de um aniversário de uma pessoa - aqueles em que se faz uma festa e se convidam os amigos - os X-Wife chamaram a palco a deolinda Ana Bacalhau, o tigre lendário Paulo Furtado, o senhor das guitarras Tó Trips e o metronómico André Tentúgal. Ao longo de uma das noites mais quentes do ano, ainda mais quente para quem estava no TMN Ao Vivo, foram desfilando todos os singles da carreira da banda de João Vieira e companhia, com os trunfos "On The Radio" e "Rockin' Rio" a serem guardados para o fim, deixando ainda espaço para a apresentação do inédito "Retaliate". Pela sala, que em alguns momentos se transformou em pista de dança, o público reagia efusivamente ás suas preferidas: assinalam-se "Fireworks" e "Keep On Dancing", entre muitos pontos altos. Venham mais 10!

Crónica: O Segredo dos Xutos & Pontapés

No passado dia 16 de Maio, a ETIC proporcionou, aos que por lá apareceram, uma palestra/conversa de tom informal com Zé Pedro, uma das figuras de maior relevo do panorama musical português. Ser humano de qualidades inestimáveis, o guitarrista dos Xutos & Pontapés abordou de forma descomprometida diversos aspectos da sua carreira como músico: como os Xutos são uma banda com os olhos postos no futuro; como, no principio, tocavam em qualquer lugar e por qualquer preço; ou como em 1977 havia entre 15 e 20 punks em Lisboa.

O músico, que já foi jornalista, foi deliciando a audiência com episódios diversos e marcantes na sua já longa carreira, de mais de 30 anos. Mas o que me traz a estas linhas é uma simples afirmação: "na vida, o mais importante é dar e receber. Quando tens 30 mil pessoas a aplaudir-te efusivamente, tens de retribuir esse carinho de forma obrigatória". Zé Pedro referia-se, obviamente, ao primeiro concerto, na edição do ano passado do Optimus Alive, após o mui badalado transplante hepático a que foi sujeito. Numa época em que, perdoem-me a expressão, há música a rodos, os artistas têm de procurar novas formas de fidelizar o público. É mais que evidente que a arrogância artística já não é algo que encante particularmente as audiências. Aliás, é perfeitamente natural que numa era em que todas as distâncias estão cada vez mais curtas, o público procure também uma maior proximidade com os seus ídolos.

Já não basta a música. Há todo um pacote que inclui a imagem, a ideologia, a atitude e um sem número de factores, que é procurado por quem consome música. Zé Pedro e os Xutos & Pontapés perceberam isso, não nos dias de hoje, mas desde o principio de carreira. Dessa forma, a maior banda nacional retribui o carinho público com total entrega em palco e novidades de todas as formas e feitios: música, alinhamentos de concertos ou merchandising. Este, meus caros, é o grande segredo para que a música dos Xutos atravesse três gerações com o sucesso que se vê.